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Acordos de Minsk foram usados por Kiev para ganhar tempo de se rearmar, diz ex-presidente da Ucrânia

© AFP 2023 / KIRILL KUDRYAVTSEVPresidentes da Rússia, Vladimir Putin (E), de Belarus, Aleksandr Lukashenko (C) e da Ucrânia, Pyotr Poroshenko (D), durante conversações em Minsk
Presidentes da Rússia, Vladimir Putin (E), de Belarus, Aleksandr Lukashenko (C) e da Ucrânia, Pyotr Poroshenko (D), durante conversações em Minsk  - Sputnik Brasil, 1920, 31.01.2023
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A admissão confirma as suspeitas expressas em março de 2022 pelo ex-presidente ucraniano, Viktor Yanukovich, deposto em um golpe apoiado por Washington em 2014, de que Kiev e os aliados norte-americanos foram responsáveis pelo fracasso dos Acordos de Paz de Minsk de 2015 e pela escalada da crise de Donbass em um conflito Rússia-Ucrânia.
O acordo de paz de fevereiro de 2015 em Minsk foi apenas uma farsa que deu às autoridades ucranianas pós-golpe de Maidan tempo para se rearmar e criar uma coalizão anti-Rússia, admitiu o ex-presidente Pyotr Poroshenko.
"Este documento deu à Ucrânia oito anos para construir [seu] Exército, para construir [a] economia e para construir [uma] coalizão global pró-ucraniana e anti-Putin", disse Poroshenko em um documentário da BBC intitulado "Putin contra o Ocidente".
De sua parte, o presidente da Conferência de Segurança de Munique, Christoph Heusgen, ex-assessor de segurança da ex-chanceler alemã Angela Merkel, revelou que Poroshenko havia informado Berlim com preocupação sobre o estado lamentável das forças ucranianas lutando em Donbass depois que as milícias locais lhes infligiram uma grande derrota na cidade de Debaltsevo no inverno de 2015, deixando as linhas ucranianas à beira do colapso total.
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, não mediu palavras ao comentar a confissão de Poroshenko. "Nós, a pedido de nossos amigos egípcios, fornecemos informações detalhadas sobre os eventos relacionados à operação militar especial na Ucrânia, sobre os longos anos de sabotagem dos Acordos de Minsk que precederam a situação atual e que foram ativamente usados pelo regime ucraniano e países ocidentais que alimentaram este regime para se preparar para uma guerra contra a Rússia", disse Lavrov, falando a repórteres ao lado do ministro das Relações Exteriores do Egito, Sameh Shoukry, em Moscou nesta terça-feira (31).
"[Essas preparações] foram abertamente confessadas por aqueles que assinaram os Acordos de Minsk, o ex-presidente ucraniano Poroshenko, os ex-líderes da França e da Alemanha, sr. Hollande e sra. Merkel", disse Lavrov. Agora, segundo o chanceler, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) está "diretamente envolvida em uma guerra híbrida contra a Rússia" na Ucrânia.
Esta é a segunda vez que Poroshenko admite abertamente que os Acordos de Minsk foram uma farsa. Em novembro, o ex-presidente disse a dois trolladores russos, que estavam se passando pelo ex-embaixador dos EUA na Rússia, que "precisava desses Acordos de Minsk para obter pelo menos quatro anos para formar as Forças Armadas ucranianas, construir a economia ucraniana e treinar o Exército ucraniano junto com a OTAN para criar as melhores Forças Armadas do Leste Europeu".
A então chanceler alemã Angela Merkel recebe o presidente russo Vladimir Putin, o então presidente francês François Hollande (primeiro plano, C) e o então presidente ucraniano Pytor Poroshenko (R) durante negociações de paz no leste da Ucrânia (foto de arquivo) - Sputnik Brasil, 1920, 09.12.2022
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Explicando os Acordos de Minsk: por que o não cumprimento dos pactos levou à operação na Ucrânia?
Junto com Poroshenko, Angela Merkel e o ex-presidente francês François Hollande também se apresentaram para admitir que Minsk foi uma manobra, não um desejo genuíno de alcançar a paz em Donbass.
No mês passado, Merkel disse a repórteres que "o Acordo de Minsk de 2014 foi uma tentativa de ganhar tempo para a Ucrânia" e que Kiev "usou esse tempo para se fortalecer, como você pode ver hoje".
Separadamente, Hollande também revelou que, embora a Rússia tenha cumprido honestamente suas obrigações como fiadora do acordo, o acordo nunca foi sobre alcançar uma paz duradoura. "Desde 2014, a Ucrânia fortaleceu sua postura militar. De fato, o Exército ucraniano [de 2022] era completamente diferente do de 2014. Estava mais bem treinado e equipado. É um mérito dos Acordos de Minsk ter dado ao Exército ucraniano esta oportunidade", disse Hollande.
O presidente Putin, que também assinou os acordos, mostrou-se surpreso com a franqueza da chanceler, dizendo que "não esperava ouvir tal coisa" dela, porque "sempre partiu da ideia de que a liderança alemã se comporta com sinceridade conosco".
O presidente belarusso, Aleksandr Lukashenko, que sediou as negociações de paz na capital belarussa em 2015, chamou os comentários de Merkel de "não apenas repugnantes", mas "abomináveis" e criticou a ex-chanceler por agir "de maneira mesquinha e desagradável".

Acordos de Minsk: por que eles falharam?

Os Acordos de Paz de Minsk foram um cessar-fogo de treze pontos e um acordo de paz assinado pela Ucrânia e garantido pela Rússia, Alemanha e França, projetado para permitir que Kiev restaurasse seu controle sobre as regiões de Donetsk e Lugansk, em troca de autonomia constitucionalmente exigida. Kiev estagnou na implementação dos elementos políticos do acordo, enquanto as forças de Donbass na linha de contato acusaram os militares ucranianos de bombardeios e ataques de franco-atiradores e a implantação ilegal de equipamento militar pesado na zona tampão.
No final do ano passado, em uma reunião com as mães dos militares russos que participaram da operação militar especial na Ucrânia, o presidente Putin disse que Moscou partiu "sinceramente" da ideia de que a paz em Donbass poderia ter sido alcançada por meio dos Acordos de Minsk, mas agora, pensando bem, "tornou-se óbvio que essa reunificação deveria ter acontecido antes", em 2014, antes que a OTAN tivesse colocado suas garras na Ucrânia.
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