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'Efeito excludente nos emergentes': há benefícios do acordo verde europeu no agronegócio brasileiro?

© Folhapress / Ricardo BenichioEm Guaíra, no estado brasileiro de São Paulo, uma colheitadeira de soja é operada na fazenda Lagoa Santa, em 16 de fevereiro de 2018 (foto de arquivo)
Em Guaíra, no estado brasileiro de São Paulo, uma colheitadeira de soja é operada na fazenda Lagoa Santa, em 16 de fevereiro de 2018 (foto de arquivo) - Sputnik Brasil, 1920, 30.01.2023
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Especialista consultada pela Sputnik Brasil afirma que novo acordo verde voltado a países exportadores para a União Europeia tem potencial para mitigar o impacto ambiental, mas "pode gerar um efeito social e excludente, principalmente nas economias emergentes".
Na próxima terça-feira (31), a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) realizará o "Fórum Agro: Brasil Protagonista", para tratar de um tema importante para a competitividade do agro brasileiro: a internacionalização do Green Deal para as cadeias produtivas dos países exportadores para a União Europeia (UE).
A promessa do "acordo verde" (em tradução literal) é estabelecer um plano de ação para tornar a Europa o primeiro continente neutro em termos climáticos até 2050, impulsionando a economia, melhorando a saúde e a qualidade de vida, e protegendo a natureza.
A medida terá impactos diretos e indiretos nas principais cadeias produtivas do agro nacional.
Por isso a Abag reunirá representantes da diplomacia brasileira; do Congresso Nacional; da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA); das principais associações e cooperativas de setores afetados pela decisão, como os grãos (soja, milho e café) e as proteínas; e do Diálogo Agropolítico Brasil–Alemanha (APD, na sigla em alemão), com o intuito de discutir os desafios dessa iniciativa para a economia e o agronegócio brasileiro.
© AP Photo / Andre PennerAgronegócio brasileiro
Agronegócio brasileiro (foto de arquivo) - Sputnik Brasil, 1920, 28.01.2023
Agronegócio brasileiro. Foto de arquivo
A internacionalização do Green Deal pode prejudicar o agronegócio brasileiro no curto prazo ou o setor já emprega tecnologias inovadoras e práticas sustentáveis o suficiente para até se beneficiar do acordo?
Haveria um desequilíbrio nessa proposta, uma vez que os países exportadores deverão se adequar a padrões e objetivos originalmente exclusivos da União Europeia para que ela alcance sua meta climática, por meio de mudanças em cadeias produtivas de seus fornecedores?
Segundo a especialista em gestão do agronegócio Jamile Coleti, professora no curso de administração da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), a partir do Green Deal haverá mudanças "não só na forma como produzimos, mas também como consumimos".

"O Green Deal é uma política para mitigar os efeitos climáticos da União Europeia, um dos principais players do comércio do agronegócio brasileiro, e por isso o produtor agrícola terá que se adequar às novas exigências do bloco econômico", explica.

Ela aponta que as críticas ao novo acordo vão desde o custo de adequação, que deve onerar a produção agrícola, até uma possível redução do volume produtivo do agronegócio nacional.
"Há uma preocupação internacional de essas normas se transformarem em metas, e aí o impacto será mundial", alerta.
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Por outro lado, Coleti lembra que já existe um movimento entre os principais produtores agrícolas e agropecuários brasileiros de se tornarem mais sustentáveis. Isso já ocorre por uma demanda dos demais países consumidores, mas não de forma tão rígida, segundo a especialista.

"Com certeza os grandes produtores já estão se adequando a essa nova realidade há tempos. O maior problema é em relação aos pequenos e às cooperativas, que têm uma janela de resposta menor frente às mudanças no mercado", completou.

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Há desequilíbrio na proposta?

Segundo a especialista, órgãos da própria UE já demonstram preocupação pela forma drástica com que o acordo vem sendo estipulado. Coleti diz que muitos deles acusam uma "falta de estudos de impacto e metodologias de mensuração" para a nova proposta.

"Resta ao produtor brasileiro ficar atento a essas novas determinações e acompanhar as tendências do mercado para tentar antecipar as tendências. O efeito a ser mitigado é ambiental, mas pode gerar um efeito social e excludente, principalmente nas economias emergentes", indica.

© Folhapress / Pedro LadeiraÁrea de garimpo ilegal na região do rio Crepori, afluente do rio Tapajós, no município de Jacareacanga, no estado do Pará, em 15 de fevereiro de 2022
Área de garimpo ilegal na região do rio Crepori, afluente do rio Tapajós, no município de Jacareacanga, no estado Pará, em 15 de fevereiro de 2022 - Sputnik Brasil, 1920, 28.01.2023
Área de garimpo ilegal na região do rio Crepori, afluente do rio Tapajós, no município de Jacareacanga, no estado do Pará, em 15 de fevereiro de 2022. Foto de arquivo
As formas de fiscalização ainda serão mais detalhadamente discutidas e estabelecidas, explica. Propostas em torno de padrões de segurança, embalagem e composição dos produtos, incorporando as normas à toda a cadeia produtiva, também ainda serão determinadas.
"Resta saber, após o dia 31, quais propostas serão de fato consideradas leis e de que forma serão incorporadas na economia global", disse.
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