Apesar da derrota para Camarões, Brasil segue para as oitavas em sua melhor fase, dizem analistas

© Sputnik / Grigory SysoevJogadores da Seleção Brasileira comemoram com a torcida após vitória na partida entre Brasil e Sérvia, válida pela fase de grupos da Copa do Mundo do Catar
Jogadores da Seleção Brasileira comemoram com a torcida após vitória na partida entre Brasil e Sérvia, válida pela fase de grupos da Copa do Mundo do Catar - Sputnik Brasil, 1920, 02.12.2022
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Em entrevista à Sputnik Brasil, especialistas destacam a boa capacidade técnica da Seleção Brasileira, mas ressaltam que faltam alternativas para substituir Neymar.
A Seleção Brasileira concluiu nesta sexta-feira (2) sua campanha na primeira fase da Copa do Mundo do Catar.
A última partida jogada foi contra a seleção de Camarões. Com o Brasil já classificado para a próxima fase, as oitavas de final, o técnico Tite decidiu escalar jogadores da reserva para poupar o time titular. Porém o Brasil perdeu a partida por um placar de 1 x 0, com um gol do atacante Aboubakar, aos 46 minutos do segundo tempo.
Foi a primeira vez que uma seleção de um país da África venceu o Brasil em uma Copa do Mundo. Apesar do resultado negativo, o Brasil se classificou em primeiro lugar do grupo G e enfrenta a Coreia do Sul na próxima segunda-feira (5), às 16h, no estádio 974.
Com a derrota para Camarões, a Seleção Brasileira perdeu a invencibilidade no torneio, mas, segundo especialistas ouvidos pela Sputnik Brasil, nada que tire as chances da Seleção de erguer a taça neste ano.
Para José Carlos Marques, docente do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e líder do Grupo de Estudos em Comunicação Esportiva e Futebol (GECEF), a derrota para Camarões expõe "a incapacidade da equipe em possuir alternativas técnicas para a ausência de Neymar". "No seu ciclo de seis anos, Tite ainda não conseguiu resolver essa equação. Mas nem Luiz Felipe Scolari resolveu isso em 2014."
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Ele acrescenta que "perder para Camarões deve acender a luz amarela na Seleção". "Pode também acender velhos fantasmas. Poderá motivar ainda mais os futuros adversários. Caberá ao grupo e à comissão técnica mostrar ser capaz de superar os desafios que se colocam a partir de agora", diz Marques.
Segundo Marques, "o que a Seleção de Tite demonstrou de melhor nesta Copa foi a consistência defensiva". "Não levou nenhum gol nos jogos em que atuou com o time titular e, além disso, sequer foi ameaçada pelas equipes da Sérvia e da Suíça. Isso não surpreende, pois Tite sempre se caracterizou por equipes sólidas no setor defensivo, como ocorreu quando ele treinou o Grêmio e o Corinthians, por exemplo."
Já para Guilherme França Reis, empresário de jogadores que atua no ramo do futebol, com passagens por times como Dynamo, Rubin Kazan e Spartak Moscou, o ponto forte da Seleção de Tite tem nome: Casemiro.

"É o melhor volante em atualidade no mundo. Ele foi importantíssimo no primeiro jogo e no segundo ele fez o gol. Por isso merece todo um aporte especial. Na minha opinião, ele é o jogador da Copa", diz Reis.

Guilherme Reis diz considerar a Seleção Brasileira "a mais técnica até agora" e ressalta que "a posse de bola do time brasileiro é muito maior do que a dos outros oponentes".
"Porque ela [a Seleção] tem, além do Casemiro, mais dois volantes, o 8 [Fred] e o 10 [Neymar], que são atacantes. Por isso a posse de bola é sempre maior do time brasileiro", explica Reis.
Marques, por sua vez, cita como ponto forte da Seleção Brasileira "o arranjo coletivo da equipe, que apresenta um conjunto bem-organizado, especialmente na defesa e no meio-campo". Já em relação ao ponto fraco, ele aponta para "a ausência de mais jogadores com poder de decisão e de liderança técnica".

"Com a saída de Neymar, esse posto ficou ainda mais vago. Se pensarmos na última vez que o Brasil foi campeão, em 2002, tínhamos na equipe Cafu, Roberto Carlos, Rivaldo, Ronaldinho Gaúcho e Ronaldo Fenômeno, só para citar os principais. A equipe de 2022 está muito distante da qualidade que tínhamos há 20 anos", destaca Marques.

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Questionado sobre se há alguma equipe em especial capaz de complicar a trajetória brasileira no torneio, Marques afirma que "a Seleção Brasileira é candidata ao título menos pelo que ela apresentou e mais pela ausência de concorrentes à altura".
"Ao fim da fase de grupos, apenas Argentina e França, hoje, parecem ter condições de medir forças com o Brasil. Mas como tem sido uma Copa repleta de surpresas, qualquer coisa pode ocorrer. Não gosto muito de prognósticos."
Em relação aos jogadores, Marques diz que no primeiro jogo "o destaque foi para Vinicius Jr., Richarlyson, Neymar e Marquinhos, que atuaram muito bem".

"No segundo jogo, apenas Vinicius Jr. manteve o protagonismo, ao qual se juntou o Casemiro. O terceiro jogo não serve como parâmetro, pois o Brasil entrou com uma formação que não se repetirá. Além disso, foi uma partida um tanto quanto preguiçosa. Raphinha e Richarlyson, que devem permanecer no time titular, precisam mostrar mais do que mostraram até agora."

Reis, por sua vez, diz que "a única mudança que faria no time seria colocar Antony no lugar de Raphinha". "O resto considero que está em sua melhor fase." Ele acrescenta que considera que "o Brasil tem um caminho pela frente, que será a Argentina na semifinal e a França na final". "É isso que vai decidir tudo", conclui Reis.
Já Marques finaliza afirmando que "a Seleção Brasileira de 2022 tem mais chance de trazer o hexacampeonato, se comparada com a de 2018". "Tite amadureceu e consertou alguns problemas anteriores, apesar de não ter contribuído em nada na definição de novos arranjos táticos ou de gestão da equipe."
Porém ele critica Tite por ter priorizado em suas convocações "jogadores medianos que atuam em clubes medianos na Europa". Na opinião de Marques, "isso suscita as suspeitas de estar colaborando com agentes e empresários nas transferências de jogadores".
"Ele poderia ter investido em nomes que atuam no futebol brasileiro e que não devem muito a uma dezena de nomes que estão no Catar. De todo modo, como faltam grandes seleções favoritas nesta Copa, o hexa é possível. Sempre que se inicia uma Copa, o Brasil é sempre um nome a ser levado em conta", conclui Marques.
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