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Qual é a importância das eleições em Angola e como a Rússia poderia ajudar o país?

© AP PhotoEspecialistas explicam por que a UNITA ganhou relevância em Angola e por que o MPLA governista merece estar no poder
Especialistas explicam por que a UNITA ganhou relevância em Angola e por que o MPLA governista merece estar no poder - Sputnik Brasil, 1920, 02.09.2022
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Analistas especializados em Angola explicaram como as recentes eleições no país, que deram maioria absoluta ao MPLA, alteraram a dinâmica governamental.
As últimas eleições na Angola em 24 de agosto foram importantes por várias razões, de acordo com Gilson Lázaro, professor associado de sociologia na Universidade Agostinho Neto de Angola e colaborador de pesquisa no Centro de Estudos Africanos da Universidade Católica de Angola.
"A primeira tem a ver com a mudança demográfica, já que a maioria dos eleitores são jovens com idades entre 17 e 25 anos. A segunda razão é política e também geracional. Houve uma mudança de presidentes, tanto no MPLA [Movimento Popular de Libertação de Angola], o partido que tem governado até agora, quanto na UNITA [União Nacional para a Independência Total de Angola], o partido da oposição", explicou ele à Sputnik.
No entanto, apesar da subida da popularidade da UNITA nos últimos anos, com o apoio crescendo de 27% em 2017 para 44% hoje, e mesmo com uma vitória na capital em Luanda, o MPLA conquistou uma pequena maioria absoluta nacional de 51%, permitindo ao presidente angolano João Lourenço governar sem negociar.
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A UNITA desafiou os resultados por supostas irregularidades eleitorais, mas, na opinião de Yuri Bakharev, secretário executivo do Conselho Empresarial Angola-Rússia, vice-presidente da Câmara de Comércio e Indústria Angola-Rússia e representante da Afrocom Rússia em Angola, ela não terá sucesso, e também não haverá agitação social.
Para ele, que também falou à Sputnik, o MPLA mereceu ganhar porque o início da recente crise econômica no país africano coincidiu com a primeira vitória de Lourenço, antes de ser seguida por fatores externos como a pandemia, crise energética e outros. No entanto, ele aponta o crescimento da popularidade da UNITA como um desafio e incentivo para o MPLA trabalhar melhor no objetivo de resolver os problemas do país.
Bakharev opina que a UNITA é popular entre os jovens angolanos por suas "promessas populistas sem fundamento" e que o partido parece não ter um plano coerente para governar o país. A insatisfação com o alto desemprego e as dificuldades econômicas sob o MPLA são outros dos fatores aliciantes.

Influência ocidental

Adalberto Costa Júnior, presidente da UNITA desde 2019, é considerado um candidato pró-ocidental, tendo vivido e viajado entre 1975 e 2002 em Portugal, outros países europeus, Israel e nos EUA, referiu Jon Schubert, antropólogo político na Universidade de Basileia, Suíça, e observador de longa data de Angola, à Sputnik.
Segundo Yuri Bakharev, a União Europeia e os EUA têm interesse nos recursos energéticos angolanos, estimados em nove bilhões de barris de petróleo e mais de 300 bilhões de metros cúbicos de gás não explorados. Isso ficou claro especialmente depois que os preços do petróleo caíram em 2014 e 2015, quando tanto Washington como Bruxelas intensificaram a investigação de casos de corrupção em Angola. Apesar disso, ele não viu evidências de envolvimento externo nas últimas eleições.

Relações com a Rússia e a China

O secretário executivo do Conselho Empresarial Angola-Rússia mencionou as relações sino-africanas, que levaram a um aumento do investimento no continente, mas explicou que o dinheiro resultante dos projetos vai para empresas da China ou empresas locais criadas pelos chineses.
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Em contraste, Bakharev lembra a antiga cooperação angolano-soviética, que previa investimento na saúde, comércio, infraestrutura e educação, ao mesmo tempo que combatia a presença colonial de Portugal no território. Ela é a base para uma possível nova cooperação entre Angola e a Rússia, disse.
O especialista sugeriu cooperar em projetos tais como ferrovias, construir uma usina hidrelétrica de 600 megawatts no rio Cunene, que também serviria a Namíbia, e investir em hardware de TI, automação de processos de gestão e redes seguras, o que, segundo ele, permitiria levar a relação bilateral a um novo nível.
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