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Início da propaganda de TV pode fazer Tebet crescer, mas voto útil beneficia Lula, diz analista

© Divulgação/Simone TebetSimone Tebet durante evento de campanha em São Paulo
Simone Tebet durante evento de campanha em São Paulo - Sputnik Brasil, 1920, 26.08.2022
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Com 2% das intenções de voto nas pesquisas eleitorais, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) parece ter um difícil percurso caso almeje chegar a uma posição mais alta na disputa presidencial de outubro deste ano. A candidata do MDB enfrenta resistências no próprio partido e tenta encontrar uma brecha para se lançar como "terceira via" no pleito.
Em entrevista à Sputnik Brasil, a cientista política Clarisse Gurgel, professora da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), apontou que o eleitorado bastante convicto em seguir com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ou com o presidente Jair Bolsonaro (PL) não dá muito espaço para uma candidatura como a da senadora, que deve tentar se aproximar do eleitorado feminino. Para a pesquisadora, Tebet pode tirar votos de Bolsonaro e acabar promovendo uma migração para Lula.

"A candidatura da Simone Tebet não tem muito para onde crescer, primeiro por conta do nível de consolidação das candidaturas, que faz com que o percentual permaneça o mesmo, e segundo pela própria ausência de apoio do partido dela — isso conta muito, não é algo secundário", afirmou a especialista.

A pesquisadora acredita que o percentual de 7% de indecisos pode ser ganho por Tebet ou por Ciro Gomes (PDT), mas avalia que Tebet tem mais potencial de abocanhar essa parcela do eleitorado.

"Como esses indecisos, na sua maioria, são formados por mulheres, a gente pode entender, sim, que eles podem migrar para um voto em uma mulher que se apresenta como uma alternativa, principalmente para aqueles que não querem Lula, que ainda reproduzem um discurso antipetista e que votam no Bolsonaro contrariados."

Dois trunfos da candidata são o tempo de TV e a participação nos debates eleitorais, nos quais pode tentar atingir esse grupo de indecisos composto principalmente por mulheres. Em razão da coligação com PSDB, Cidadania e Podemos, Tebet dispõe do terceiro maior tempo de TV, com dois minutos e 20 segundos, atrás apenas de Lula, com três minutos e 39 segundos, e Bolsonaro, com dois minutos e 38 segundos. Tebet terá 185 inserções na TV, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
© DivulgaçãoSimone Tebet durante ato de campanha em São Paulo
Simone Tebet durante ato de campanha em São Paulo - Sputnik Brasil, 1920, 26.08.2022
Simone Tebet durante ato de campanha em São Paulo
"O programa de TV é um elemento novo, sem dúvida, porque as redes sociais já estão ativas nas eleições. A propaganda eleitoral será um momento em que esses candidatos mais desconhecidos podem passar a ser conhecidos, principalmente por aqueles que ainda assistem televisão", destaca.
Gurgel indica que o eleitorado que acompanha televisão é justamente o que aparece com maior percentual entre os indecisos — mulheres de 45 a 59 anos.

"[É] uma geração que nasce na ditadura militar e, portanto, não tem uma trajetória de consciência política, formação política e engajamento. Então esses indecisos, essa mulher indecisa, geralmente estão em casa, alheios aos debates políticos, principalmente nestas eleições, em que os eleitores já tomaram partido muito cedo. Os eleitores se sentiram convocados a tomar partido cedo pela urgência do voto e pela forma como a política ganha uma centralidade no Brasil por conta das pautas que ela passa a envolver, desde o desmatamento até a morte de indígenas e indigenistas, até a violência urbana, que aumentou de uma maneira legitimada pelo governo, e também até a forma como foi tratada a pandemia [de COVID-19]."

"Essas mulheres, no Sudeste principalmente, não sabem ainda em quem votar. Ainda que isso possa indicar uma certa insensibilidade em um contexto em que as pessoas não têm tido muitas dúvidas em relação a quem votar, essa 'insensibilidade', essa indiferença vem acompanhada também de declarações e relatos dessas mulheres, que se queixam muito da falta de segurança em relação a seus filhos, principalmente em relação à segurança urbana, mas também à miséria e à fome crescendo. Não são mulheres absolutamente insensíveis, ainda que se revelem desatentas em relação ao seu papel do ponto de vista político. São sensíveis à questão da segurança e sensíveis à questão da fome, mas o que falta a essa eleitora é uma percepção da conexão entre a economia e a política, que a Simone Tebet poderia fazer, estabelecer essa relação direta entre política econômica e a política de segurança — alimentar e física", explicou Gurgel.
Dessa maneira, a especialista avalia que Tebet pode crescer com a campanha na TV, agregando essa parcela de indecisos, e pode afetar os percentuais de Bolsonaro. No entanto esse crescimento é frágil e talvez acabe migrando para Lula no ato da votação, no fenômeno conhecido como voto útil.
"Depois da campanha televisiva a gente vai ver, sim, um aumento nas intenções de voto na candidata, principalmente por conta desses indecisos e por conta desses que aderem a Bolsonaro por falta de alternativa nesta reta final. [...] Porém esse crescimento é muito frágil, muito instável, porque a gente precisa se atentar para uma tendência a um voto útil na reta final e principalmente no candidato que estiver na cabeça da disputa", destacou.
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"A gente pode entender que, a partir de sexta-feira [hoje, 26], com a propaganda eleitoral, a gente vai ver uma pequena queda de Bolsonaro e oscilações de Simone Tebet, ou seja, alterações que acabam por favorecer o Lula no fim das contas", reforçou.

Questionada sobre a possibilidade de uma explosão na candidatura de Tebet, como ocorreu com o candidato Rodolfo Hernández na Colômbia nas eleições deste ano, a pesquisadora disse que é improvável. Hernández foi ao segundo turno ao se apresentar como uma alternativa ao uribismo, representado por Fico Gutiérrez, e a Gustavo Petro, que acabou eleito.
"Eu não vejo muito lastro para essa virada, para esse avanço que o Hernández teve na Colômbia. Acho que ela pode ter um crescimento, sim, mas nada muito significativo, principalmente porque é uma mulher. Por mais que os indecisos sejam, na sua maioria, mulheres, o Brasil, assim como a Colômbia também é, é um país ainda muito misógino e machista e não olha com muitos bons olhos para uma figura feminina no posto de liderança", avaliou.
Para a pesquisadora, o antipetismo sofreu uma baixa com o desgaste do ex-juiz federal e ex-ministro Sergio Moro e do próprio bolsonarismo.
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