Embora tanto Pequim como Moscou representem desafios para Washington, as divergências com estes dois países podem ser resolvidas com instrumentos como a diplomacia inteligente, escreve William Hartung, do Centro de Políticas Internacionais.
Para solucionar estes desafios os EUA não precisam desencadear uma dispendiosa nova Guerra Fria e uma corrida armamentista desnecessária, escreve o analista em seu artigo.
Segundo Hartung, a pandemia, as alterações climáticas, o racismo, as dificuldades econômicas representam atualmente maiores ameaças à segurança dos EUA.
Mais diplomacia, menos belicismo
No entanto, o orçamento do Pentágono atinge seus máximos históricos, superando em muito os recursos que foram gastos nos momentos mais críticos das guerras da Coreia e do Vietnã. Atualmente, os EUA gastam em suas Forças Armadas quase três vezes mais do que a China e cerca de dez vezes mais que a Rússia.
"Isso é muito mais do que o necessário para proporcionar uma defesa robusta dos EUA e de seus aliados", diz Hartung.
Por sua vez, o grupo de pesquisa do Centro de Políticas Internacionais avaliou que os EUA poderiam estar mais seguros se gastassem substancialmente menos no Pentágono.
"Na verdade, em relação à China, o nosso futuro depende da cooperação, não do confronto", sublinha.
De acordo com Hartung, Washington precisa coordenar seus esforços com a China para lutar contra a pandemia, combater as alterações climáticas e relançar a economia mundial. Além disso, ambos os países precisam "alcançar um equilíbrio realista" nas suas relações, que diminua a importância da competição militar e favoreça outros instrumentos de poder e influência.
Quanto à Rússia, o especialista destaca que o desenvolvimento de uma nova geração de armas nucleares e o aumento da presença militar dos EUA na Europa não resolverá os problemas com Moscou. Porém, Hartung elogiou a administração Biden por ter decidido prorrogar o tratado Novo START e se comprometer a reduzir o arsenal nuclear.
Na opinião de William Hartung, no curto prazo a administração Biden deveria revisar o plano do Pentágono de projetar uma nova geração de mísseis, submarinos e bombardeiros dotados de armas nucleares. Esse plano pode custar até US$ 2 bilhões (R$ 10,7 bilhões) ao longo dos próximos 30 anos.
"Um bom começo seria abandonar a 'retrógrada' Estratégia de Defesa Nacional do Pentágono", frisou.
Além disso, deveria suspender o desenvolvimento do novo míssil balístico intercontinental (ICBM). Trata-se de uma arma "perigosa e desnecessária", cuja posse aumenta o risco de uma guerra nuclear acidental, concluiu o autor do artigo.