Resistência antibiótica criaria catástrofe maior que a COVID-19, avisam cientistas

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Uma instituição científica da Austrália adverte que as bactérias estão adquirindo imunidade aos medicamentos, aumentando cada vez mais os custos humanos e monetários.

O surgimento da resistência antibiótica, incluindo bactérias resistentes a medicamentos, ou superinsetos, representa riscos muito maiores para a saúde humana do que o SARS-CoV-2, advertiu dr. Paul De Barro, um cientista australiano, ao jornal The Guardian.

A resistência antimicrobiana tem sido um problema de saúde mundial devido à cada vez maior adaptação das bactérias infecciosas aos medicamentos, particularmente na região do Pacífico, onde o sistema de saúde é frágil. As taxas de infecção são elevadas em conjunto com prescrições antibióticas, e a informação oficial e conhecimento popular sobre o assunto são baixos.

"Acho que não estou exagerando ao dizer que é a maior ameaça à saúde humana, sem exceções. A COVID-19 não está nem perto do impacto potencial da resistência antimicrobiana", afirmou De Barro, diretor de pesquisa de biossegurança da Organização de Pesquisa Científica e Industrial da Comunidade (CSIRO, na sigla em inglês) australiana.

"Nós voltaríamos à idade das trevas da saúde", declarou.

Fiji, país do Pacífico, tem uma das mais altas taxas de infecções bacterianas do mundo, bem como altos níveis de tuberculose em animais e humanos, segundo um estudo do jornal BMJ Global Health citado pelo The Guardian. Os hospitais realizam, em média, duas amputações diabéticas por dia, impulsionando o uso de antibióticos, utilizados tanto em humanos como em animais, o que aumenta o risco de desenvolvimento de bactérias resistentes.

© AP Photo / Kristy WigglesworthCientistas estão chamando um recém-descoberto antibiótico de avanço na luta contra as infecções resistentes aos medicamentos
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Cientistas estão chamando um recém-descoberto antibiótico de avanço na luta contra as infecções resistentes aos medicamentos

Dr. Donald Wilson, reitor associado da Faculdade de Medicina da Universidade Nacional de Fiji, disse que a questão não poderia mais ser ignorada, "ou haverá mais pessoas adoecendo, e não temos os remédios certos para tratá-las". Além disso, diz que as doses antibióticas têm de ficar cada vez mais fortes e consequentemente caras para continuar combatendo os micróbios.

Modelo de saúde esgotado

De Barro avisa que o problema tem proporções mundiais, e que colocará uma grande pressão nos sistemas de saúde.

"Se você considerar como os antibióticos agora desempenham um papel em praticamente todas as partes de nosso sistema de saúde: coisas simples como arranhões podem te matar, parto pode te matar, [e já em] tratamento de câncer, cirurgias importantes, diabetes, no fundo em todos estes, são muitas vezes usados antibióticos", disse.

"Você vai acabar com uma pressão maciça sobre o sistema de saúde: exatamente o tipo de coisa que você está vendo com a COVID-19. Pense em unidades de terapia intensiva, leitos hospitalares, acesso a tratamento médico fora do sistema hospitalar, o uso de antibióticos na enfermagem, no tratamento de pneumonia, tudo isso entra em jogo."

O distanciamento social não funciona contra o problema, pois as bactérias existem na comida, na água, no ar e em todo o tipo de superfícies.

A Organização Mundial da Saúde estima que 350 milhões de mortes possam ser causadas pela resistência antibiótica até 2050, com um custo previsto de US$ 1,35 trilhão (R$ 7,17 trilhões) durante os próximos dez anos somente na região oeste do Pacífico.

Assim, a CSIRO decidiu iniciar um estudo de três anos sobre bactérias resistentes a medicamentos em Fiji, com o objetivo de analisar dados de laboratórios de patologia hospitalar, fazendas contaminadas com produtos farmacêuticos, e no ambiente em geral, procurando identificar pontos críticos e tendências emergentes de resistência antimicrobiana.

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