A comunidade internacional deve escolher os lados com sabedoria no conflito venezuelano, sugeriu na terça-feira o curador da intervenção norte-americana no país, o enviado especial Elliot Abrams, observando que Washington não se limitaria a sanções econômicas contra o governo de Maduro, mas contra todos que escolheram apoiá-lo.
"Sanções secundárias são claramente uma possibilidade", declarou Abrams em uma entrevista coletiva, alertando que a decisão de sancionar países terceiros "dependeria da conduta do regime [venezuelano] ao longo do tempo".
Até agora, 54 países se curvaram à pressão dos EUA e reconheceram o autoproclamado "presidente interino" Juan Guaidó, que desde janeiro vem apoiando a mudança de regime. Embora os Estados Unidos afirmem que o "ímpeto é bom" para atrair mais países, a maioria dos países e populações do mundo rejeitou as ambições "imperialistas" de Washington, afirmou Colin Cavell, professor associado de ciência política do Bluefield State College.
O governo dos EUA está "internacionalizando o conflito venezuelano em uma base muito perigosa […] ameaçando outros países que lidam com a Venezuela, dizendo que se você não apoiar nossas sanções, vamos impor sanções a você", explicou Cavell.
A administração do presidente estadunidense Donald Trump está forçando seus aliados e outros países a escolher: você apoiará essa tentativa agressiva de derrubar o governo eleito da Venezuela ou vai apoiar esse governo que os Estados Unidos não gostam.
Os governos sancionadores em todo o mundo, por apoiarem Maduro em Guaidó, não apenas violam a lei internacional, mas destacam a intromissão descarada dos EUA nos assuntos de uma nação soberana. Além disso, acredita o acadêmico, a administração dos EUA parece estar agindo sob a suposição de que "se houver mais sofrimento para o povo venezuelano", então eles se levantarão e "derrubarão" seu governo.
"Três quartos dos países do mundo estão aliados ao governo eleito, ao governo democrático da Venezuela e que inclui os maiores países do mundo, China e Rússia", concluiu Cavell. "Então, apesar do que Donald Trump diz internamente para manter o poder no país, o mundo está observando de perto essa agressão imperial na Venezuela".