Quase um terço das armas exportadas pelo Reino Unido durante a última década se destinou para países indicados pelo governo britânico como os piores países do ponto de vista de direitos humanos, escreveu The Guardian.
Desde 2008 até 2017 o Reino Unido assinou contratos militares no valor de 39 bilhões de libras esterlinas (R$ 192,7 bilhões). Desses 39 bilhões, 12 bilhões correspondem a países que representam um interesse prioritário do ponto de vista do respeito pelos direitos humanos.
A edição assinalou que o Ministério do Comércio Exterior confirmou essa informação, porém ele negou que as licenças de exportação desses países sejam sujeitas a um controle menor.
Apesar de The Guardian não ter dados semelhantes quanto a este ano, se sabe que em 2018 o Reino Unido assinou um contrato de fornecimento de 48 caças Eurofighter Typhoon no valor de 5 bilhões de libras esterlinas (R$ 24,7 bilhões) à Arábia Saudita.
Entre os mercados principais do Ministério do Comércio Exterior britânico, além da Arábia Saudita, está Bahrein e a Colômbia, que figuram em lista de países de interesse prioritário quanto aos direitos humanos.
Além disso, a exportação de armamento britânico também se realiza para uma série de países contra os quais a ONU e a União Europeia introduziram restrições quanto à venda de armas. Eles são a China, a Líbia, a Rússia, o Egito e o Iraque.
"A aprovação de venda de meios técnicos de vigilância poderosos, aviões ou bombas a regimes que caçam jornalistas e os matam, a ditadores que as usam [armas] em escolas e hospitais, é uma violação evidente da lei do Reino Unido sobre o controle das exportações de armas. O menosprezo do governo pelas leis leva inevitavelmente a que a exportação britânica de armamento permite violar os direitos humanos por todo o mundo", cita The Guardian as palavras do parlamentar britânico Lloyd Russell-Moyle.