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Como guerra comercial entre China e EUA afetará países do Mercosul?

© AFP 2023 / Juan MabromataBandeiras de países membros do Mercosul
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A guerra comercial entre EUA e China afetará demais a produção agrícola dos países do Mercosul com a primarização das exportações, aumento dos créditos e fechamento de mercados, segundo especialista.

A produção de cereais e oleaginosas do bloco comercial cresceu 220% nos últimos 25 anos, enquanto que no resto do mundo o crescimento correspondeu a apenas 25%. Vale destacar que em 2030 a região será a primeira exportadora capaz de satisfazer metade da demanda mundial de grãos.

A potencialidade demonstrada pelos países do Mercado Comum do Sul será fragilizada pela guerra comercial sino-americana e pelas medidas protecionistas em crescimento, de acordo com Gustavo Idígoras, presidente da Câmara da Indústria Azeiteira e do Centro de Exportadores de Cereais da Argentina (CIARA — CEC), que falou com a Sputnik Mundo.

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De acordo com Gustavo Idígoras, a guerra comercial afetará a região por três razões: primeiramente, porque implica encarecimento do crédito internacional e aumento das taxas de juro e restrições de acesso ao crédito.

Em segundo lugar, porque "Estados Unidos estão subsidiando a produção para exportar para o resto do mundo soja, farinha e azeite, visto que não podem mais exportar para a China, que era sua compradora histórica".

Na terceira e última razão entram Brasil e Argentina, países pelos quais a China substituiu os EUA na hora de comprar. "O mercado hoje é abastecido em uns 70% pelo Brasil e de 15% a 20% pela Argentina, o que está levando a uma primarização das exportações fundamentalmente da Argentina."

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O especialista explicou que a Argentina vendia 7 milhões de toneladas de soja e 4 milhões de toneladas de azeite para a China, mas agora o gigante asiático só quer comprar o grão em uma quantidade maior do que o dobro da antes comprada, ou seja, 16 milhões de soja.

Espera-se que em 2019 a Argentina tenha uma colheita recorde de 135 milhões de toneladas de grãos, dos quais 54 milhões serão de soja, com uma safra de trigo de cerca de 27 milhões de toneladas.

"A Argentina perderá produtos industrializados e processados, como farinha e azeite, nas mãos dos Estados Unidos, que estão subsidiando a produção e as exportações, e também venderá apenas produtos primários", acrescentou.

A bandeira da República Popular da China e as Estrelas e Listras dos Estados Unidos tremulam pela Avenida da Pensilvânia, perto do Capitólio dos EUA, durante a visita de Estado do presidente chinês, Hu Jintao em 18 de janeiro de 2011 (foto de arquivo). - Sputnik Brasil
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Segundo Idígoras o protecionismo comercial está avançando em todos os países do G20. No ano passado, as barreiras ao comércio argentino duplicaram.

Estados Unidos impuseram neste ano direitos antidumping por 150% e Europa inventou uma investigação alegando que o governo da Argentina e os governos provinciais estão subsidiando a produção de biodiesel, o que é absolutamente falso, e vai impor a partir de janeiro direitos compensatórios antissubsídios, o que significa que no ano que vem não se poderá vender biodiesel para a Europa, que é o principal comprador global, resume Idígoras.

Dessa forma o protecionismo como um fenômeno no comércio global segue se expandindo e se generalizando, sendo "a principal epidemia do mundo".

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