Ao mesmo tempo, Trump afirmou que não vai desistir dos contratos bilionários de venda de armas firmados com Riad. Muitos congressistas americanos, por sua vez, tomaram uma posição dura quanto à Arábia Saudita, ameaçando com sanções e apelando a que o presidente limite o apoio militar aos sauditas.
Em entrevista à Sputnik França, analistas avaliaram a possível reação de Washington e Riad a esta situação.
Porém, acredita ele, Riad não tomará as mesmas medidas em relação a Washington. Apesar de na mídia saudita aparecerem notícias sobre um possível "cenário apocalíptico" da situação, a Arábia Saudita esperou muito pelo fim da presidência de Obama e a candidatura de Trump foi para Riad uma lufada de ar fresco.
"Foi à Arábia Saudita que Trump fez sua primeira visita, foi com os EUA que [Riad] firmou acordos bilionários. Trump anunciou uma nova estratégia em relação ao maior inimigo da Arábia, o Irã, e saiu do acordo nuclear iraniano. Tudo isso foi importante para os sauditas", explica o analista.
Levando esses argumentos em consideração, Kosach duvida que Trump tome medidas radicais contra Riad, assim como Riad não dará uma resposta dura a Washington, "ou seja, a situação não se desenvolverá para um cenário apocalíptico".
Além disso, sublinha o especialista, a Arábia Saudita ainda não anunciou oficialmente uma possível retaliação a eventuais sanções americanas.
Outro interlocutor da Sputnik, Yuri Rogulev, especializado em assuntos dos EUA, acredita que Washington não vai ignorar o que aconteceu com o jornalista, que nos últimos anos vivia nos EUA e trabalhava para uma das maiores edições, The Washington Post, mas acha difícil prever até que ponto será severa uma possível retaliação.
"Estamos vendo que Trump está manobrando, pois há pouco esteve com uma visita na Arábia Saudita, da qual falou como o maior sucesso e avanço, e de fato ele assinou um contrato de 100 bilhões de dólares […] e não gostaria de desistir deste resultado. Por outro lado, os EUA não poderão ficar totalmente de lado, é uma tarefa muito complicada", concluiu.
Desaparecimento de Khashoggi
Jamal Khashoggi, colunista do jornal Washington Post, que vivia nos EUA desde 2017, foi dado como desaparecido em 2 de outubro.
De acordo com a sua parceira, uma cidadã turca com quem ele iria se casar, Khashoggi foi convidado para o consulado para obter os documentos necessários para seu casamento e ela ficou do lado de fora do prédio esperando por ele.
Riad diz que Khashoggi desapareceu depois de deixar o consulado, mas a parte turca, que participa da investigação, alega que o jornalista teria sido torturado e depois morto e desmembrado no prédio do consulado.