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Brasil se encontrará 'entre dois fogos' na guerra comercial sino-americana? 

© REUTERS / Jorge AdornoPlantação de soja
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Em um contexto da guerra comercial entre as maiores potências comerciais, EUA e China, sem falar dos outros países sancionados por Washington, cada vez mais Estados ficam na "encruzilhada" para dar prioridade a um dos parceiros. A Sputnik Brasil conversou com uma especialista para descobrir se o Brasil também terá que fazer essa escolha.

Vários dias atrás, foi comunicado que Pequim planeja substituir todas as suas importações de soja norte-americana pela brasileira, como clara consequência da guerra das tarifas sino-americana.

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"Vale ressaltar que essa medida foi uma das respostas chinesas ao agravamento das tarifas alfandegárias para a produção chinesa importada pelos EUA […] Anteriormente, a China comprava 60% das exportações americanas de produtos oleaginosos, enquanto agora o Brasil vai virar o principal fornecedor para a China. Ademais, o governo chinês planeja comprar parte da soja na Argentina, Canadá e Rússia", analisa em uma conversa com a Sputnik Brasil Alina Scherbakova, chefe do Setor Ibero-Americano do Centro de Pesquisa Integrada Europeia e Internacional da Escola Superior da Economia da Rússia.

Ao mesmo tempo, na semana passada o presidente estadunidense Trump assinou um decreto sobre as exceções ao aumento de tarifas sobre a entrada de aço e alumínio estrangeiros, incluindo na lista o Brasil, entre outros, bem como a Argentina e a Coreia do Sul.

"[O fato de Trump] ter escolhido esses países foi motivado por considerações de logística; quanto à Coreia do Sul, a motivação deveria ser mais política do que econômica", observa a especialista, se referindo, pelo visto, ao crescente engajamento norte-americano no processo de paz na península coreana.

Nesta situação complicada, surgem dúvidas se o Brasil, bem como qualquer outro país, será capaz de encontrar um balanço entre as duas potências em confronto. De acordo com Alina Scherbakova, a chance de Washington abolir os respectivos benefícios devido à cooperação cada vez mais estreita entre Pequim e Brasília existe realmente.

"Claramente, os EUA podem cancelar as citadas facilidades para o Brasil por motivos políticos, mas o último provavelmente vai preferir desenvolver as relações com a China, pois o volume do comércio brasileiro com este país, segundo dados de 2017, é muito maior que com os EUA [US$ 47 bilhões contra US$ 27 bilhões, respetivamente]. No que se trata da soja, esta parte das exportações para a China também supera muito em seu valor as exportações da produção de aço e alumínio brasileira aos EUA", diz a pesquisadora.

Todos os processos descritos fazem pensar que o estreitamento dos laços entre os países BRICS vai se desenvolver a ritmos cada vez maiores, em um ímpeto ironicamente dado pela própria Washington.

"As relações econômicas entre os países dos BRICS estão em ascensão e seu desenvolvimento entrou na pauta muito antes de Trump vencer as presidenciais nos EUA. Por isso não chamaria o atual rumo político estadunidense de uma razão óbvia para esses processos, porém, claro que as ações americanas são, em um certo sentido, um catalizador para a diversificação das políticas de comércio externo das nações integrantes do bloco", resume a interlocutora da Sputnik.

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