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'Candidato de Snowden', David Miranda fala sobre vigilância e monopólio da mídia

© AFP 2023 / Kena BetancurDavid Miranda divulgando Tratado Internacional sobre direito à privacidade em conferência com Edward Snowden
David Miranda divulgando Tratado Internacional sobre direito à privacidade em conferência com Edward Snowden - Sputnik Brasil
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Personagem da revelação do maior esquema de vigilância global da história, protagonizada pelo ex-agente da NSA, Edward Snowden, David Miranda venceu as eleições para vereador do Rio de Janeiro no último domingo (2) em sua primeira candidatura e conversou com exclusividade com a Sputnik Brasil.

O ativista e vereador David Miranda comentou o cenário atual da política brasileira e a sua motivação para ingressar na disputa eleitoral. Ele também comentou o caso de Snowden, de quem recebeu apoio em sua candidatura, e criticou o monopólio da comunicação por parte das mídias tradicionais do Brasil. 


Ingresso na política

"Primeiramente, o sistema caótico político do nosso país refletiu muito a minha militância na rua e nos movimentos sociais. Então, com os movimentos sociais subindo favela, descendo favela, vendo as condições da população aqui no Rio de Janeiro, isso me tocou muito e fez me mover nesta direção", disse Miranda, acrescentando que a decisão de ingressar na política veio alinhada à necessidade de disputar espaços da política "para não deixar outros candidatos, como 'Cabrais e Piccianis da vida', ocupando estes espaços". 

Segundo ele, "há uma quebra da antiga política". Ao criticar as alianças feitas pelo Partido dos Trabalhadores (PT) durante os mandatos de Lula e Dilma Rousseff, David Miranda diz enxergar no Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) uma forma nova de fazer política. 

​"É muito expressivo você ver que o PSOL no Rio de Janeiro consegue uma candidatura de prefeito ir para o segundo turno sem tempo de televisão e fazer uma bancada de seis vereadores completamente sem tempo de televisão também. Nós fizemos campanha na rua. Isso mostra a diferença que a população quer ver hoje. A população quer uma esquerda que dialogue com a população, que vá aos locais, que esteja nos bairros", afirmou.  

 

Caso Snowden, vigilância e privacidade

Marido e companheiro do jornalista Glenn Greenwald na revelação do programa de vigilância global dos EUA, David Miranda ganhou notoriedade após ficar detido por nove horas no Aeroporto de Londres quando voltava para o Brasil. Em 2013, ele coordenou uma campanha para que o Brasil concedesse asilo ao ex-agente da NSA, Edward Snowden, antes dele conseguir garantir a sua estadia em Moscou, na Rússia, onde ele se encontra até hoje. 

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Snowden participará de 'campanha do perdão' endereçada a Obama
O vereador comentou a atual situação de Snowden na Rússia e a importância da revelação do programa de vigilância dos EUA. 

"Ele não tem asilo na Rússia. O que ele tem lá é uma situação, digamos, como um 'citizenship'. Não é asilo, mas é como se ele fosse um cidadão temporário da Rússia. Isto acaba em agosto do ano que vem", observou.

"A situação do Snowden é bem melhor que a gente imaginou que ele poderia ter. Porque a gente imaginou que ele ia estar em uma prisão perpétua pelo resto da vida dele[…] Ele tem que ser considerado o herói que ele foi, não só pro EUA, mas pro mundo inteiro", destacou.

"Ele tá super bem, podendo viver a vida dele. A namorada de 11 anos dele está com ele lá, eles conseguem viver a vida deles normalmente. Ele consegue participar do debate que ele ajudou a criar no mundo inteiro, ele fala em eventos públicos via internet. Ele tem até um robô que ele pode usar para andar dentro das faculdades e falar com as pessoas".

 

Mídia brasileira

Alegando já ter sofrido ataques diretos da mídia brasileira, Miranda criticou a parcialidade dos tradicionais meios de comunicação do país e defendeu a democratização das mídias. 

"Aqui no nosso país a gente tem esse grupo de mídias que controla a informação, grandes famílias que são um oligopólio que controla a comunicação. Elas têm uma agenda, e elas só falam da mesma agenda", disse ele.   

Segundo Miranda, "a população brasileira durante muito tempo só absorvia a informação de dentro desse grupo. E isso complicou o diálogo no nosso país e limitou bastante a percepção do mundo lá fora".

"Mídias parceiras e estrangeiras como a Sputnik, como o El País, ou outras que estão aqui hoje no Brasil, trazem a pauta de uma forma completamente diferente. Porque trazem a informação de outros países e levam a informação do Brasil sem ter que estar fazendo esses ciclos junto com essas grandes mídias aqui". 

"Então é de extrema importância que a gente tenha esse diálogo com mídias internacionais e, ao mesmo tempo, a gente tenha a criação de mídias independentes aqui no nosso país também demonstrando o que está acontecendo no âmbito internacional", concluiu.  

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