Forbes: é hora de parar o 'boicote ineficiente' à Rússia por causa da Crimeia

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O ex-assessor do ex-presidente dos EUA Ronald Reagan, Doug Bandow, escreveu um artigo para a revista Forbes criticando o Ocidente por insistir na política de sanções com relação à integração da Crimeia à Rússia.

Segundo ele, os governos ocidentais despenderam enormes recursos para impor medidas restritivas à Moscou, sem, no entanto, conseguir quaisquer resultados com isso. Nas suas palavras, faz dois anos que a Rússia "separou a Crimeia da Ucrânia" e agora, depois de todas as sanções, já está mais do que claro que a península não voltará a pertencer ao território ucraniano.

Apesar disso, na semana passada a União Europeia fez um apelo para que mais países se juntassem ao seu "boicote ineficaz" à Rússia, destaca o autor. Mas se, na Europa, a manutenção da política de sanções ainda divide algumas opinião, o mesmo não acontece em Washington.

"Muitos europeus reconheceram que as ações da Rússia na Ucrânia não estão de maneira alguma ligadas a eles e que, portanto, não há motivos para se prejudicar em meio a tempos de crise econômica para punir o governo de Putin" – diz Bandow.

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E o especialista explica a contradição. Os defensores das sanções insistem no fato de que essas medidas supostamente obrigam Moscou a cumprir totalmente os acordos de Minsk e a deixar de prestar apoio aos independentistas do leste ucraniano. Mas acontece que o conflito em Donbass se acalmou, Kiev está vivendo uma nova crise política e Bruxelas pode se deparar com a situação paradoxal em que a Rússia respeita os acordos de Minsk e a Ucrânia – não.

"A ideia de que novas sanções forçarão Moscou a capitular reflete o triunfo da esperança sobre a experiência. Os EUA e a UE promovem uma política falida, acreditando que a contínua repetição de uma mesma ação levará no fim das contas a um resultado diferente" – explica Bandow.

Em seguida, o colunista propõe uma abordagem diferente: "Ao invés de prorrogar automaticamente as sanções, os países ocidentais precisam rever a sua política com relação à Rússia".

Na opinião de Bandow, o Ocidente precisa parar com a guerra econômica contra a Rússia, acabar com a expansão da OTAN ao longo das fronteiras russas – principalmente recusando a adesão da Ucrânia ao bloco, diminuir o seu apoio a Kiev e convidar Ucrânia a desenvolver laços econômicas tanto com a Rússia, quanto com aliados ocidentais.

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Por sua vez, escreve o colunista, Moscou precisa parar de apoiar os independentistas de Donbass, cooperar com Kiev na questão da reestruturação de sua dívida, reconhecer os laços econômicos da Ucrânia com a Europa e realizar um novo referendo na Crimeia mediante a presença de observadores internacionais.

Nas palavras de Bandow, Kiev deve reconhecer a impossibilidade de se tornar parte do bloco europeu. O povo ucraniano deve escolher um caminho de desenvolvimento próprio para o seu país, levando em conta que o Ocidente não está disposto a travar uma guerra econômica ou, muito menos, um conflito militar com a Rússia por causa de Kiev.

"A Rússia recebeu golpes econômicos no decorrer de dois anos – já basta. Parece que alguns países europeus estão cada vez mais cientes de que é hora de negociar com Moscou e seguir em frente. Bruxelas e Washington precisam chegar a esse acordo" – conclui o observador da Forbes.

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Em fevereiro de 2014 um golpe de Estado em Kiev promoveu a troca de poder na Ucrânia. As novas autoridades adotaram uma política de caráter nacionalista e totalmente voltada para o Ocidente, ameaçando restringir uma série de direitos e liberdades das populações de origem russa do país. Preocupados com as consequências desta nova ordem, os habitantes da Crimeia, russos em sua grande maioria, optaram por se separar da Ucrânia através de um referendo realizado em março de 2014. Mais de 96% dos habitantes da península apoiaram a sua reintegração com a Rússia. O Ocidente chamou a votação de "anexação". Moscou declarou que o referendo foi realizado em plena conformidade com o direito internacional.

O governo da Ucrânia continua considerando a Crimeia como um território nacional temporariamente ocupado por forças estrangeiras. E a autodeterminação da população da península tampouco foi reconhecida pelos países do Ocidente, muitos dos quais adotaram sanções contra a Rússia.

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