Durante a cúpula do Conselho de Cooperação dos Estados Árabes do Golfo Pérsico (CCEAGP), realizada em 5 de maio em Riad, na Arábia Saudita, o assunto nuclear iraniano foi o tema principal. Se as sanções forem levantadas, o Irã se fortalecerá, enfraquecendo os seus adversários, principalmente do bloco sunita.
O próprio Irã é de tradição xiita.
Para se opor a tal perspectiva, os países árabes acusam o Irã de tentativa de criação de bomba nuclear (opção firmemente descartada pelo acordo-quadro e pelo "sexteto") e de apoio a forças radicais que estão atuando na região.
Segundo o cientista político Seyed Hadi Afgahi, ex-funcionário da embaixada iraniana no Líbano, as acusações árabes contra o Irã são completamente falsas:
"Eles [os países árabes, principalmente a Arábia Saudita] afirmam que o Irã interfere em assuntos internos dos países da região, tentando ampliar a sua influência. Porém, nós todos sabemos quem é que realmente alimenta o fogo da guerra e monta desordens na região. Hoje, já não é nenhum segredo que a Arábia Saudita realizou uma ingerência direta em países como o Iêmen e Bahrain. A Arábia Saudita realiza também se ingere em outros países da região — o Iraque, a Síria, o Líbano — através de ajuda financeira, fornecimentos de armas, apoio à divulgação da ideologia extremista dos grupos terroristas da região".
Vale lembrar que o Irã apresentou várias vezes a diversas instâncias internacionais seus planos de solução da crise no Iêmen, porém as autoridades iemenitas e as sauditas acusaram o Irã de interferência indevida nos seus assuntos internos.
Posição dos EUA
Se os países árabes estão preocupados com o eventual desenvolvimento do programa nuclear iraniano e com as declarações do governo norte-americano a favor de tal cenário, os EUA, que também não querem ver o Irã completamente livre e independente, reservam para si uma saída.
Segundo soube a Sputnik, um funcionário do Departamento de Estado afirmou que qualquer tentativa de violar as normas estabelecidas pelo acordo por parte do Irã levará à reintrodução das sanções internacionais.
Fica claro desta forma que a diplomacia estadunidense irá querer usar esta cláusula (se for acordada) como um instrumento de pressão sobre o Irã.
Jogos do "sexteto"
O grupo 5+1, ou "sexteto", integrado pelos EUA, Rússia, China, Reino Unido, França e Alemanha, também tem divergências no seu seio. O presidente francês, François Hollande, esteve na cúpula da CCEAGP ontem, marcando um estreitamento das relações com a Arábia Saudita. Analistas internacionais veem nisso uma possibilidade de mudança de postura no que toca ao acordo nuclear.