Panorama internacional

O que a vitória eleitoral de Putin significa para o Sul Global?

Uma característica distintiva da presidência de Vladimir Putin é o apoio incondicional ao Sul Global, disse à Sputnik a dra. Anuradha Chenoy, professora aposentada do Centro de Estudos Russos e da Ásia Central da Universidade Jawaharlal Nehru.
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Vladimir Putin venceu a sua candidatura à reeleição no último domingo (17), abrindo as portas para o próximo mandato de seis anos da sua presidência. O que esperam os países do Sul Global do próximo mandato de Putin?
"O Sul Global necessita urgentemente de desenvolvimento econômico e quer o direito de escolher o seu próprio caminho de desenvolvimento sem que este seja imposto por qualquer entidade estrangeira", afirmou a dra. Anuradha Chenoy.
Sob Putin, a Rússia se concentrou especialmente nas relações com o Sul Global, à medida que cada vez mais Estados em desenvolvimento traçam um rumo no sentido do prosseguimento de uma política interna e externa independente e da adesão ao seu próprio modelo de desenvolvimento.
Se comparada com a abordagem do Ocidente ao Sul Global, a característica distintiva da estratégia da Rússia é o apoio incondicional e a parceria igualitária, de acordo com a acadêmica.
"Em primeiro lugar, é incondicional. Em segundo lugar, a Rússia não intervém através de mudanças de regime, sanções, assassinatos, intervenção militar etc. Terceiro, a Rússia não está à procura de representantes para levar a cabo a sua agenda como os EUA estão [fazendo]. Em quarto lugar, a Rússia não tem uma CIA operando em outros países para intervir na sua política", resumiu a acadêmica.
As economias emergentes estão demonstrando notável resiliência e agilidade, com os BRICS – um clube de grandes países – ultrapassando o G7 (grupo composto por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido), os países industrializados do mundo, em sua participação no produto interno bruto (PIB) global em termos de paridade de poder de compra (PPC).
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"A chegada do presidente Putin ao poder em 2000 foi um momento crítico para reavivar as relações Índia-Rússia", disse Chenoy à Sputnik. "Desde então, o presidente Putin tem tido um interesse especial em levar estas relações a novos patamares. Putin compreende a Índia e a liderança política indiana como nenhum outro líder mundial. Ele dá apoio incondicional à Índia e nunca faz julgamentos de valor. Ele não intervém em assuntos internos da Índia. Ele apoia a transferência de tecnologia e os interesses nacionais indianos. Isso fornece uma base para uma estreita cooperação Índia-Rússia."
Embora a Rússia continue sendo membro de muitos fóruns multilaterais, o BRICS representa uma plataforma que une diferentes continentes e formas de governo. A abordagem inclusiva do grupo levou à expansão da organização em janeiro de 2024, quando Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul se juntaram aos Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita, Etiópia, Egito e Irã.
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, enfatizou em agosto de 2023 que o BRICS "não pretende substituir os mecanismos multilaterais existentes, muito menos se tornar uma nova 'hegemonia coletiva'", mas busca formar "um dos pilares de um mundo novo, mais justo e ordem mundial multilateral".
A Rússia e os seus parceiros do BRICS propuseram uma fórmula universal atraente de inclusão, equidade e assistência mútua, disse Chenoy à Sputnik em agosto de 2023.
Os laços de longa data de Moscou com os países em desenvolvimento, que tiveram origem na era soviética, foram postos à prova após a onda de sanções do Ocidente devido à operação militar especial da Rússia na Ucrânia. A maioria dos países do Sul Global rejeitou as restrições unilaterais e ilegais do Ocidente contra a Rússia.
Quando as proibições dos EUA e da União Europeia (UE) ameaçaram prejudicar a capacidade da Rússia de comercializar e fornecer produtos agrícolas e fertilizantes às economias emergentes, Moscou anunciou uma iniciativa para fornecer gratuitamente cereais e fertilizantes aos necessitados, doando 200 mil toneladas de trigo aos seis países mais pobres do continente africano.
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O Sul Global também ignorou as tentativas do Ocidente de apresentar a Rússia como uma ameaça mundial. Enquanto o "gráfico de aumento de risco" do Índice de Segurança de Munique de 2023 classificou a Rússia como o risco número um, um gráfico semelhante para Brasil, Índia, China e África do Sul viu a Rússia subir ligeiramente da 29ª posição para a 28ª para depois retornar a sua posição anterior no ano seguinte, bem no final da lista.
As tentativas de isolar a Rússia falharam, em grande parte devido à estratégia externa escolhida por Putin, segundo Chenoy.
Em sua entrevista exclusiva ao diretor-geral da Rossiya Segodnya, grupo midiático do qual a Sputnik faz parte, Dmitry Kiselev, Putin afirmou que as elites coletivas do Ocidente têm parasitado outras nações durante os últimos 500 anos.
"Eles destruíram os infelizes povos de África, exploraram a América Latina, exploraram os países da Ásia e, claro, ninguém se esqueceu disso", disse o presidente russo.
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