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Israel ordena evacuação do sul de Gaza; Autoridade Palestina culpa EUA e Egito envia tanques

As chances dos palestinos conseguirem sair de Rafah são precárias e difíceis, visto que essas pessoas, cerca de 1,4 milhão, são as mesmas que deixaram suas casas desde outubro do ano passado quando Tel Aviv começou sua campanha militar no enclave.
Sputnik
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, solicitou na sexta-feira (9) aos militares que apresentassem um plano para a evacuação de civis da cidade de Rafah, na Faixa de Gaza, onde permanecem quatro batalhões do Hamas, disse seu gabinete.
"A operação em grande escala em Rafah exige a evacuação de civis da zona de combate. É por isso que o primeiro-ministro instruiu as Forças de Defesa de Israel [FDI] e as estruturas de defesa a apresentarem um plano duplo para a evacuação da população e a eliminação dos batalhões ao gabinete de ministros", disse o gabinete de Netanyahu em comunicado.
É impossível para Israel atingir os seus objetivos militares na Faixa de Gaza sem eliminar os restantes batalhões do Hamas, acrescentou o gabinete.
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O ex-enviado especial dos Estados Unidos para as negociações israelo-palestinas, Frank Lowenstein, que esteve envolvido em negociações de cessar-fogo anteriores, disse não acreditar que exista local onde a população da cidade do sul de Gaza possa ir.

Os planos israelenses de evacuar civis de Rafah não deixam "nenhum lugar para as pessoas irem e nenhuma maneira de as pessoas chegarem lá […]. Agora você está pedindo que eles se mudem. Para onde eles irão? Só acho que não há lugar para eles irem", afirmou Lowenstein ouvido pelo Sky News.

Com a movimentação, o Egito enviou cerca de 40 tanques e veículos blindados de transporte de pessoal para o nordeste do Sinai nas últimas duas semanas, como parte de uma série de medidas para reforçar a segurança na fronteira com Gaza, disseram duas fontes de segurança egípcias, segundo o The Times of Israel.
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O gabinete do presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, repreendeu os planos de Netanyahu e disse que a medida visa expulsar os palestinos de suas terras. De acordo com a mídia, Abbas disse que responsabilizaria tanto o governo israelense como os EUA pelas repercussões do plano.

Apelou ao Conselho de Segurança da ONU [Organização das Nações Unidas] para tomar conhecimento, "porque [Israel] tomar esse passo ameaça a segurança e a paz na região e no mundo" e "cruza todas as linhas vermelhas".

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse na quinta-feira (8) que a conduta de Israel na guerra é "exagerada", a crítica mais dura dos norte-americanos até agora ao seu aliado próximo. O Departamento de Estado disse que uma invasão de Rafah nas atuais circunstâncias "seria um desastre".
Contudo, foi a própria administração Biden, por meio de seu porta-voz de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, que declarou em outubro que não havia "linhas vermelhas traçadas" para a investida militar israelense, ao mesmo tempo que o governo norte-americano aprovou venda e armas para Israel durante o conflito.
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Também hoje (9), Tel Aviv informou ao Egito e ao Catar que rejeitou as exigências apresentadas pelo Hamas quando respondeu às propostas relativas ao acordo de troca de prisioneiros.
Até o momento, mais de 27 mil palestinos e 1.300 israelenses foram mortos desde o ataque do Hamas no dia 7 de outubro de 2023.
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