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Mulheres são maioria em todas as regiões do Brasil pela 1ª vez; número de idosos cresce 57,4%

Pela primeira vez em cinco décadas, quando foram iniciadas as medições pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população feminina é maioria em todas as regiões brasileiras. É o que revelaram os dados do Censo Demográfico de 2022 divulgados nesta sexta-feira (27).
Sputnik
A população do Brasil chegou a 203.080.756 de pessoas, sendo 104.548.325 (51,5%) mulheres e 98.532.431 (48,5%) homens. A última região que consolidou a tendência histórica de predominância feminina foi a Norte.
Com isso, a razão de sexo, que é o número de homens em relação ao grupo de 100 mulheres, chegou a 94,2 no país — entre as regiões, vai desde 92,9 (Sudeste) até 99,7 (Norte). Entre os estados, as menores razões de sexo ficam no Rio de Janeiro (89,4), no Distrito Federal (91,1) e em Pernambuco (91,2). Já Mato Grosso (101,3), Roraima (101,3) e Tocantins (100,4) têm mais homens do que mulheres.
A gerente de Estudos e Análises da Dinâmica Demográfica do IBGE, Izabel Marri, disse que um dos motivos do fenômeno é a maior mortalidade de homens em todos os grupos etários: desde o nascimento até as idades mais longevas. "Além disso, nas idades adultas, a sobremortalidade [relação entre as probabilidades de morte por idade ou por grupos de idade] masculina é mais intensa. E, com o envelhecimento populacional, a redução da população de 0 a 14 anos e o inchaço da população mais idosa, há um aumento da proporção de mulheres, já que elas sobrevivem mais em relação aos homens", acrescentou.
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Entre a população até os 19 anos, os homens ainda são maioria segundo o instituto, com uma razão de 103,5 para cada 100 mulheres. A partir do grupo etário entre 25 e 29 anos, a população feminina se torna majoritária em todas as regiões e chega a atingir o dobro em relação aos homens na faixa de 90 a 94 anos. "A maior incidência de homens nas primeiras idades é uma consequência do maior nascimento de crianças do sexo masculino em relação àquelas do sexo feminino. O maior contingente de homens diminui com a idade devido à sobremortalidade masculina, mais intensa na juventude por conta das mortes por causas externas".
Nos municípios mais populosos, que costumam ter maiores índices de violência, a proporção de homens também é menor, mostrou o Censo 2022. A razão de sexo em cidades com mais de 500 mil habitantes é de 88,9 homens para cada grupo de 100 mulheres, enquanto em localidades com até 5 mil pessoas o número sobe para 102,3. Para valores abaixo de 100, há maioria feminina na população.

Número de idosos cresce 57,4% em 12 anos

Os dados do IBGE também evidenciam um franco envelhecimento da população brasileira: em 12 anos, o número de pessoas com mais de 65 anos cresceu 57,4%. Em 2022, o contingente de idosos era de 22.169.101 (10,9% da população), quando em 2010 era de 14.081.477 (7,4% da população). Ao mesmo tempo, a parcela populacional com idade de até 14 anos caiu de 24,1% para 19,8%.

"Ao longo do tempo a base da pirâmide etária foi se estreitando devido à redução da fecundidade e dos nascimentos que ocorrem no Brasil. Essa mudança no formato da pirâmide etária passa a ser visível a partir dos anos 1990, e a pirâmide etária do Brasil perde, claramente, seu formato piramidal a partir de 2000", explica a pesquisadora do IBGE.

Em 1980, apenas 4% da população possuíam mais de 65 anos e quase 40% estavam na faixa de 0 a 14 anos. "Podemos perceber que a queda da fecundidade ocorreu primeiramente no Sudeste e no Sul do Brasil, o que as faz as regiões mais envelhecidas, com menor proporção de jovens. A região Norte, embora também tenha registrado uma redução da fecundidade ao longo dos últimos anos em todos os estratos socioeconômicos, ainda se mantém a região proporcionalmente mais jovem", frisou Marri.
A média de idade da população brasileira subiu de 29 anos em 2010 para 35 anos em 2022, índice que aumentou em todas as regiões do país: Norte, de 24 para 29 anos; Nordeste, de 27 para 33 anos; Sudeste, de 31 para 37 anos; Sul, de 31 para 36 anos e Centro-Oeste, de 28 para 33 anos. E para cada 100 crianças de 0 a 14 anos, há 55,2 idosos.
E são justamente os municípios com até 5 mil habitantes onde os índices de envelhecimento são maiores: 76,2 idosos para cada grupo com idade de até 14 anos. "Uma possível explicação para esse fenômeno é o deslocamento de pessoas em idade economicamente ativa para as maiores cidades em busca de emprego, educação e serviços. Esse deslocamento de pessoas adultas com seus filhos é predominantemente de pessoas em idade reprodutiva, o que também resultará em um menor número de crianças e nascimentos nas cidades menores, de origem", finaliza.
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