Panorama internacional

Gazprom afirma que sistema energético da União Europeia ainda é considerado 'instável'

O bloco europeu pode enfrentar escassez de gás natural, alertam altos executivos da gigante russa de energia.
Sputnik
O sistema energético da União Europeia (UE) é instável e pode enfrentar escassez de gás natural, disseram na terça-feira (3) gestores sêniores da gigante energética russa Gazprom.
A Gazprom, que já foi a principal fornecedora de gás da UE, reduziu drasticamente as suas exportações para o bloco no ano passado, na sequência das sanções ocidentais e da sabotagem dos gasodutos Nord Stream (Corrente do Norte).
O gasoduto Nord Stream 1, que passa sob o mar Báltico e transporta gás natural da Rússia para a UE, e o recém-construído Nord Stream 2 foram rompidos por explosões subaquáticas em setembro de 2022, tornando-os inoperantes.
"O fato do déficit sistêmico não ter desaparecido se manifesta não só pelo nível de preços mais elevado em 2023 em comparação com os anos anteriores à COVID-19, mas também pela persistência de um 'contango' estável no mercado do gás natural", disseram os gestores sêniores Sergei Komlev e Aleksandr Shapin da Gazprom à uma revista interna.
"Contango" é uma estrutura de mercado em que o preço futuro de uma mercadoria é superior ao preço à vista, o que incentiva os comerciantes a manter a mercadoria armazenada para uma revenda mais lucrativa no futuro.
"Este comportamento dos preços significa que, segundo os participantes do mercado, o sistema de segurança energética na Europa, construído para emergências, é instável e enfrenta novos desafios", afirmaram os gestores.
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No ano passado, a UE reduziu a sua dependência da energia russa, substituindo-a por importações de gás natural liquefeito (GNL) de países como os EUA, que se tornaram a principal fonte de gás do bloco, representando até 35% do total das importações.
Os executivos da Gazprom disseram que o corte dos laços com a Rússia levou ao enfraquecimento da segurança energética na UE devido ao aumento acentuado na percentagem de GNL "menos fiável" em comparação com o gás via gasoduto, que é fornecido principalmente ao abrigo de contratos de longo prazo.
Alguns economistas e políticos ocidentais também apontaram para as desvantagens de mudar para GNL, mais caro e menos amigo do ambiente, qualificando a sabotagem do Nord Stream como um ato de "guerra econômica" que visa toda a UE.
A Rússia já forneceu cerca de 155 bilhões de metros cúbicos (bmc) de gás natural à UE antes do início do conflito na Ucrânia, principalmente através de gasodutos. Em 2022, o fornecimento de gás de gasoduto russo à UE caiu para 60 bmc, com o bloco esperando que os fluxos diminuíssem ainda mais para 20 bmc.
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