Panorama internacional

Venezuelanos marcham em Caracas contra sanções e em defesa do território de Essequibo (FOTOS)

Região fronteiriça é alvo de uma disputa entre Venezuela e Guiana e tem vastas reservas de petróleo, atualmente exploradas pela petrolífera estadunidense ExxonMobil.
Sputnik
Apoiadores do governo do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, promoveram uma marcha intitulada "Recupere Essequibo" em Caracas, nesta terça-feira (26), em protesto contra as sanções impostas ao país, em defesa do território de Essequibo e em apoio à educação.

"Esta marcha de hoje é em repúdio às sanções, as sanções devem ser suspensas, são ilegais, ilegítimas, contrárias às regras do direito internacional", disse a vice-presidente do país, Delcy Rodríguez.

Manifestante segura uma placa do "Super Bigode", que retrata o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, como um super-herói, em Caracas. Venezuela, 26 de setembro de 2023
A mobilização se concentrou na região oeste da capital e seguiu em direção à sede da vice-presidência. Delcy Rodríguez foi exaltada pelos manifestantes por participar da mobilização em defesa de Essequibo como um território venezuelano.

"Em nome do presidente [Nicolás Maduro] agradeço o grande apoio em defesa de nosso território sagrado de Essequibo. [...] Esse território não será tirado de nós, a independência conquistamos com homens e mulheres que deram sua vida, não as de um império colonial. Lutamos e conquistamos", disse a vice-presidente.

A marcha foi convocada após a Assembleia Nacional, o Parlamento unicameral da Venezuela, aprovar um referendo consultivo sobre o apoio da população à reivindicação de Caracas pelo território de Essequibo.
O território de Essequibo fica na região fronteiriça entre Venezuela e Guiana e é alvo de uma disputa territorial que data do século XIX.
Manifestantes participam da marcha pró-governo chamada "Recupere Essequibo", em Caracas. Venezuela, 26 de setembro de 2023
Originalmente, o território fazia parte da Capitania Geral da Venezuela. Durante o período da colonização espanhola do continente, a Holanda aproveitou as turbulências do império espanhol para tomar posse sobre a Guiana.
Em 1814, parte do território foi vendida pelos holandeses à Inglaterra, que começou a ocupá-la a despeito do reconhecimento, por parte de Portugal, Espanha e Brasil, de que a região pertencia à Capitania Geral da Venezuela.
No final do século XIX, os EUA se aliaram à Inglaterra e fizeram com que a Venezuela assinasse um tratado, sem a presença de nenhum representante do país sul-americano, que determinava a renúncia de Caracas ao território de Essequibo.
O documento foi questionado posteriormente através dos mecanismos da Organização das Nações Unidas (ONU). O Acordo de Genebra de 1966 definiu o território como venezuelano. Porém, mesmo após a assinatura do acordo, o território segue sob influência britânica e americana.
A discussão ganhou novo impulso em 2015, quando foram descobertas grandes reservas de petróleo na costa de Essequibo. Em dezembro de 2022, a Guiana lançou a primeira rodada de licitações para explorar 14 blocos petrolíferos em Essequibo. Atualmente os poços são explorados pela petrolífera estadunidense ExxonMobil.
Nesta terça-feira, em uma postagem na rede social X (antigo Twitter), Maduro exortou o presidente da Guiana, Irfaan Ali, a retomar o diálogo, tendo como base o Acordo de Genebra.

"Reitero ao presidente da Guiana, Irfaan Ali, que só há uma forma de resolver o conflito no território de Essequibo: regressar ao diálogo presencial no âmbito do Acordo de Genebra. Estou pronto para me reunir no local do Caribe de nossa escolha, junto com os delegados da CARICOM [Mercado Comum e Comunidade do Caribe]. Consideramos o povo da Guiana nossos irmãos e irmãs, nunca representaremos uma ameaça", escreveu o presidente.

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