Panorama internacional

Especialistas: carta da Casa Branca da cobertura midiática do impeachment de Biden revela desespero

Várias figuras e veículos de imprensa nos EUA, além de um especialista que falou à Sputnik, criticaram a tentativa do presidente norte-americano de influenciar a mídia antes da tentativa de seu impeachment.
Sputnik
Na terça-feira (12) Kevin McCarthy, líder republicano da Câmara dos Representantes dos EUA, anunciou que ordenou que um comitê legislativo abrisse uma investigação formal de impeachment sobre os supostos vínculos do presidente com os negócios ilegais de seu filho Hunter Biden.
"Sabemos que os extratos bancários mostram quase US$ 20 milhões [R$ 97,33 milhões] pagos à família Biden e a indivíduos relacionados por meio de várias empresas de fachada. Somente o Departamento do Tesouro tem dados sobre mais de 150 transações envolvendo a família Biden e seus parceiros de negócios que foram marcadas como suspeitas", destacou McCarthy.
O republicano disse que os legisladores acreditam que as informações que obtiveram demonstram "abuso de poder, obstrução [da justiça] e corrupção".
Hunter Biden fazia parte do conselho de administração da empresa de gás ucraniana Burisma, onde o promotor que investigava o caso por crimes de corrupção foi supostamente demitido após pressão de Joe Biden.
Segundo republicanos, o filho do mandatário americano, que foi indiciado por mentir sobre a compra de uma arma, e enfrenta uma condenação por evasão fiscal, não só não estava registrado como lobista, conforme exigido pela lei dos EUA para lobistas de empresas estrangeiras, mas também não excluiu influenciar a política do governo federal dos EUA.
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Em resposta, Ian Sams, assistente especial do presidente e assessor sênior e porta-voz do Gabinete do Assessor Jurídico da Casa Branca, enviou na manhã de quarta-feira (13) um e-mail aos principais veículos de imprensa dos EUA, como Fox News, CNN e The New York Times, entre outros. Ele incluía recomendações sobre como cobrir a investigação de impeachment do presidente do país a partir de agora, cujas alegações diz serem "baseadas em mentiras".
O e-mail também incluía um documento de 14 páginas com as posições oficiais da Casa Branca sobre várias acusações feitas por legisladores republicanos sobre o suposto caso de corrupção, e sugeria que tais informações "úteis" fossem usadas em matérias jornalísticas.
A estratégia da Casa Branca foi amplamente condenada pela mídia norte-americana, com a colunista Ingrid Jacques do jornal USA Today declarando que "não é a cobertura da mídia sobre o caso de impeachment, mas sim a tentativa do governo Biden de manipular a imprensa livre que deve disparar o alarme".
Semelhantemente, o editor Seth Mandel, que é ativo no Washington Examiner, observou ironicamente que o memorando é, na verdade, uma coisa boa, pois exporá aqueles que seguem os ditames da Casa Branca.
Irwing Rico, professor da Faculdade de Ciências Políticas e Sociais da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM), comentou à Sputnik que, dada a baixa popularidade de Biden a pouco mais de um ano da eleição presidencial e os detalhes "desconfortáveis" relacionados com seu filho, era inevitável que a Casa Branca quisesse com a carta tentar conter os danos em uma "evidência mais clara do desespero" e da "preocupação de sua equipe de que esse escândalo afete seus números de aprovação anêmicos".
Rico também apontou que a investigação para um possível impeachment de Biden faz parte da "judicialização" da política que vem ocorrendo nos EUA, com os dois impeachments fracassados lançados por legisladores democratas contra o então presidente Donald Trump (2017-2021) durante seu mandato e os múltiplos casos contra ele atualmente em tribunal.
"Biden não é um presidente popular como Barack Obama [2009-2017] foi, ou mesmo como Donald Trump foi, então até mesmo o menor dos escândalos pode afetar suas chances de reeleição. Além disso, se as pesquisas de opinião pública servirem de referência, o caso Hunter Biden, que exibe um comportamento mais do que questionável, está realmente prejudicando sua imagem", concluiu ele.
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