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O fantasma do primogênito: acusações contra Hunter Biden podem afetar a campanha do pai para 2024?

Faltam cerca de um ano e dois meses para a eleição presidencial norte-americana, mas será que o atual chefe dos Estados Unidos da América, Joe Biden, ficará no cargo até lá? Nesta semana dois "dramas jurídicos" conectados a seu filho mais velho complicaram a corrida para reeleição do democrata em 2024.
Sputnik
Ontem (14), o Departamento de Justiça dos EUA formalizou três acusações criminais contra Hunter Biden, filho do presidente. Ele teria mentido ao preencher um formulário na compra de um revólver em uma época que era viciado em drogas. Se for condenado nas três acusações, as sentenças podem chegar a 25 anos de prisão e multas no valor de US$ 750 mil (R$ 1,2 bilhão).
Hunter, de 53 anos, nunca ocupou cargos no governo, mas os adversários do presidente alegam que ele obteve vantagens em empresas das quais era conselheiro.
A acusação veio na esteira da decisão dos republicanos da Câmara na terça-feira (12) que anunciaram a disposição de iniciar um impeachment contra Biden para vinculá-lo ao filho em negócios obscuros na Ucrânia e na China, após investigações de longo prazo sobre as negociações comerciais estrangeiras da família.
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A Casa Branca insiste que Biden não fez nada de errado e que os legisladores do Partido Republicano não têm, na verdade, qualquer base para o inquérito de impeachment. Além disso, observadores jurídicos norte-americanos chamaram a atenção para o fato de que a condenação é improvável no Senado controlado pelos democratas.
Mas na visão de Steven Abramowicz, proprietário e CEO do jornal Mill Creek View, os republicanos também não parecem tão unidos para levarem a investigação até o fim.
"[...] Sabemos tudo o que precisamos saber nos livros de história, mas o que não sabemos é se [presidente da Câmara] Kevin McCarthy terá uma espinha dorsal, seenfrentará os republicanos que talvez tenham algum interesse e realmente trará esse cara ao plenário para um impeachment e para os livros de história? E a resposta é: 'Não importa'. Há uma eleição daqui a pouco mais de um ano. Levaria muito tempo. E o Senado, cheio de pessoas como Mitt Romney, nunca votará para remover [Joe Biden] […]", disse Abramowicz.
O que é especialmente frustrante, segundo o editor, é que há supostamente um grande número de documentos genuínos que implicam a família Biden e, ainda assim, o Partido Democrata e a Casa Branca afirmam que não há nada ali.
"Essa é a tragédia da América em 2023, é que nunca teríamos permitido que Thomas Jefferson ou Abraham Lincoln escapassem impunes destas coisas. E então aqui estamos nós na nossa nova era com o nosso atual grupo de líderes", enfatizou o observador dos EUA.
Entretanto, o proeminente jurista americano, Jonathan Turley, argumentou recentemente que, embora seja pouco provável que o inquérito de impeachment seja apoiado pelo Senado, ainda vale a pena tentar.
"Um inquérito de impeachment não significa que um impeachment em si seja inevitável. Mas aumenta dramaticamente as chances de finalmente forçar respostas a questões preocupantes de tráfico de influência e corrupção", sublinhou Turley.
O presidente Joe Biden e seu filho Hunter Biden deixam a Igreja Católica do Espírito Santo em Johns Island, Carolina do Sul, depois de assistir a uma missa, 13 de agosto de 2022
Enquanto isso, a recente reviravolta no caso legal de Hunter parece ter saído pela culatra para seu pai. Just the News, um meio de comunicação independente dos EUA, supõe que a acusação do primeiro filho é "o mais recente barril de pólvora que ameaça explodir a tentativa de reeleição do presidente Joe Biden".
Na verdade, a taxa de aprovação de Biden está flutuando em torno da marca de 41%, enquanto a desaprovação está solidamente acima de 50%. A conduta controversa de Hunter pode agravar ainda mais a situação, dado o ressentimento do público americano em relação ao comportamento do primeiro filho.
Uma pesquisa YouGov realizada em agosto indicou que 66% dos americanos têm uma visão desfavorável de Hunter Biden, enquanto apenas 17% têm uma visão favorável.
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Sobre Biden, a mais recente pesquisa realizada em 13 de setembro indicou que 41% dos americanos se opõem ao impeachment de Biden; 44% apoiam a ideia e 15% responderam "não saber", segundo a YouGov.
"Joe Biden está com sérios problemas. Acho que essencialmente ele está quebrando. Não acho que ele será candidato em novembro de 2024. […] E acho que 'Bidengate' ou 'Huntergate é muito sério e vai prejudicá-lo muito", disse o jornalista Daniel Lazare à Sputnik.
É tão sério que o julgamento do filho de Biden ajudaria a desviar a atenção do que está acontecendo com Donald Trump, que se prepara para enfrentar quatro em tribunais em Nova York, Washington, Flórida e Geórgia, paralelamente à corrida eleitoral, relembra Sandra Cohen no G1.
Favorito para a indicação do Partido Republicano à Casa Branca, o ex-presidente americano angariou fundos de campanha e subiu nas pesquisas com acusações mais graves do que Hunter Biden. Porém, não se espera que aconteça o mesmo com o presidente americano, que tem no filho uma ameaça concreta de desgaste político, analisou a jornalista.
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