Ciência e sociedade

Luna-25: entenda a 1ª estação automática da história moderna da Rússia (VÍDEO)

A Rússia lançou hoje, na sexta-feira (11), do cosmódromo Vostochny, o foguete espacial Soyuz-2.1b levando a bordo a estação automática Luna-25, em uma trajetória suborbital.
Sputnik
O bloco de aceleração Fregat separou-se como estava previsto e a espaçonave está a caminho da Lua. Daqui a alguns dias - provisoriamente, em 20 de agosto - ela fará um pouso suave perto do polo sul da Lua.

Em direção à órbita da Lua

No caminho do nosso satélite, a estação Luna-25 ajustará sua trajetória duas vezes. Cinco dias depois, entrará na órbita lunar a uma altitude de 100 quilômetros e passará mais alguns dias freando e descendo até estar em uma órbita de pouso a uma altitude de 18 quilômetros. A partir daí, o aparelho iniciará o pouso na Lua. Esse esquema foi elaborado na década de 1970.
Para o pouso foi escolhida a área do polo sul, onde há sinais de gelo de água. Ninguém jamais conseguiu pousar com sucesso nesse local antes. A estação automática lunar russa fará esse pouso pela primeira vez na história.

Quem mais está na órbita da Lua?

Duas estações espaciais estão atualmente operando na órbita do satélite da Terra. O Lunar Reconnaissance Orbiter da NASA está em operação desde 2009. Ele possui a bordo o detector de nêutrons LEND, criado no Instituto de Pesquisa Espacial da Academia das Ciências da Rússia.
Foi este instrumento que detectou uma concentração anormal de moléculas de hidrogênio no polo sul, indicando indiretamente a presença de gelo de água. O experimento de impacto na cratera Cabeus confirmou isso.
A estação indiana Chandrayaan-2, lançada em 2019, também está em órbita lunar. A Chandrayaan-3, com um módulo de pouso a bordo, está agora a caminho da Lua. O módulo também deve pousar perto do polo sul da Lua alguns dias depois da sonda russa.

Aeródromo lunar

A área de pouso é uma elipse de 30 km por 15 km ao longo do meridiano.
A Luna-25 descerá verticalmente nos limites desta elipse, com os motores em funcionamento. O principal perigo é a inclinação do solo. Se ela for superior a 15 graus, a estação pode tombar ou deslizar e se enterrar no terreno solto. Isso aconteceu em 1973 com o Lunokhod-2 - o dispositivo deslizou para uma cratera de cinco metros e parou.
A área ao norte da cratera Boguslavsky, no lado visível da Lua, foi escolhida como o local de pouso prioritário. Este local é ideal em todos os parâmetros: balística conveniente, comunicação de rádio confiável com a Terra, horas de luz diurna suficientes para a pesquisa científica e, o mais importante, um terreno relativamente plano e pouco rochoso.
O risco de chegar a um local com uma grande inclinação é de apenas quatro por cento.
A abundância de sinais de água nesse local e a diversidade de rochas geológicas são importantes para trabalhos científicos. De acordo com estimativas, em uma camada de um metro de solo, há 0,1% de água. Se, por algum motivo, não for possível pousar no local, há dois "aeródromos" de reserva - a sudoeste da cratera Manzini e ao sul da cratera Pentland-A.

O que a Luna-25 pode fazer na Lua?

A Luna-25, com todo o equipamento científico, pesa 1.750 kg. Possui motores, antenas, painéis solares, baterias, um gerador termoelétrico de radioisótopos, unidades de controle e vários sensores.
As câmeras de visualização vão registrar o processo de pouso. Quase tudo a bordo é de origem nacional e novo. Nesse momento, é necessário acompanhar o funcionamento dos motores, dos equipamentos, o regime térmico e os sistemas de segurança.
O orgulho dos desenvolvedores é o sistema manipulador da sonda, um "braço" robótico com um balde e um dispositivo para extração de solo. Sua função é pegar amostras e enviá-las para análise.
O mais interessante é que o gelo pode se encontrar não apenas em locais sombreados, onde a luz do sol não chega, mas também em áreas iluminadas. O dispositivo pode cavar uma pequena trincheira de algumas dezenas de centímetros de profundidade para alcançar a camada de solo solto com partículas de gelo.
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