Ciência e sociedade

Arrefecimento global eliminou os humanos na Europa há mais de 1 milhão de anos, conclui estudo

A população de Homo erectus que um dia viveu na Europa estava mal adaptada ao ambiente para sobreviver nele, de acordo com um estudo.
Sputnik
Toda a população humana que vivia na Europa há cerca de 1,1 milhão de anos pereceu em um grande evento de resfriamento que durou quatro milênios, escreve na quinta-feira (10) a agência britânica Reuters, citando nova pesquisa.
Os pesquisadores reconstruíram o clima antigo usando compostos orgânicos deixados por algas minúsculas e conteúdo de pólen em um núcleo de sedimentos de águas profundas perfurado na costa de Portugal.
Mais tarde, foram executadas simulações computadorizadas para avaliar os efeitos nos habitats humanos, o que revelou uma queda média da temperatura do ar de cerca de 4,5 ºC.
Acredita-se que a catástrofe climática, que ocorreu durante a época do Pleistoceno, tenha exterminado toda a população de Homo erectus, a primeira espécie humana a se expandir além da África, e que colonizou a Europa. O número de vítimas não é claro, mas foi estimado em dezenas de milhares.
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O período de frio, comparável em intensidade às eras glaciais mais recentes, privou os caçadores-coletores de recursos alimentares. Além disso, eles tinham fraca tolerância ao frio, isolamento insuficiente de gordura e dificuldades em criar roupas, abrigos e fogo eficazes.
"Provavelmente houve uma interrupção completa na ocupação humana inicial da Europa, possivelmente por um período considerável, com o retorno de uma população totalmente nova", comentou Chris Stringer, antropólogo do Museu de História Natural de Londres, Reino Unido, coautor do estudo publicado na revista Science.
Chronis Tzedakis, professor de geografia física do University College de Londres, Reino Unido, e coautor da pesquisa, sugere que a Europa pode ter sido recolonizada há cerca de 900.000 anos por seres humanos mais resistentes, com mudanças evolutivas ou comportamentais que permitiram a sobrevivência na intensidade crescente das condições glaciais.
"O estudo fornece informações sobre a vulnerabilidade inicial das primeiras espécies humanas às mudanças ambientais e como elas acabaram se adaptando ao crescente estresse climático glacial", explicou Axel Timmermann, físico climático e coautor do estudo, da Universidade Nacional de Pusan, Coreia do Sul.
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