Panorama internacional

Departamento de Estado aponta culpas a Biden e Trump por retirada desastrosa dos EUA do Afeganistão

O órgão norte-americano revelou o que disse serem as causas do caos em que se transformou a saída das forças americanas do país asiático em 2021.
Sputnik
Donald Trump, ex-presidente dos EUA (2017-2021), e o atual mandatário Joe Biden são responsáveis pela caótica retirada dos EUA do Afeganistão em 2021, concluiu um relatório do Departamento de Estado divulgado na sexta-feira (30).
O relatório concluiu que a decisão do governo Biden de acelerar a evacuação dos afegãos que haviam ajudado as forças dos EUA e da OTAN ao longo dos 20 anos de ocupação do país ajudou a desencadear um efeito dominó que desintegrou o governo do Afeganistão.
"À medida que as condições no terreno se deterioravam e as perspectivas de negociações de paz bem-sucedidas entre o governo afegão e o Talibã diminuíam, a liderança do Departamento [de Estado] e da Embaixada em Cabul enfrentou o dilema de que a redução significativa da presença remanescente dos EUA no Afeganistão e a aceleração da saída de afegãos em risco corriam o risco de minar a confiança no governo afegão e desencadear o próprio colapso que os Estados Unidos esperavam evitar", apontou o texto.
Segundo o relatório, "durante ambas as administrações, houve consideração insuficiente de nível sênior dos piores cenários e a rapidez com que eles poderiam ocorrer".
O Departamento de Estado também criticou a Casa Branca de Biden por sua decisão no início de 2021 de entregar a estratégica Base Aérea de Bagram ao governo afegão, o que garantiu que o Aeroporto Internacional Hamid Karzai em Cabul se tornasse "a única avenida para uma possível operação de evacuação de não combatentes".
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Foi ainda destacada a falta organizacional do Departamento de Estado, no qual não se saberia quem era responsável pelo processo, o que "aumentou significativamente os desafios que o Departamento e [os militares] enfrentaram durante a evacuação".
"As decisões do presidente Trump e do presidente Biden de encerrar a missão militar dos EUA representaram desafios significativos para o Departamento, uma vez que procurou manter uma presença diplomática e de assistência robusta em Cabul e fornecer apoio contínuo ao governo e ao povo afegão", resumiu.
O governo Biden tem enfrentado críticas significativas em relação ao rápido colapso do governo afegão apoiado pela OTAN poucos meses após o anúncio do presidente de que Washington sairia do país após 20 anos de ocupação e US$ dois trilhões (cerca de R$ 10,1 trilhões) gastos na luta contra o Talibã (organização sob sanções da ONU por atividade terrorista). O desastre da retirada do Afeganistão foi comparado, em escala, à humilhante saída dos EUA do Vietnã em 1975.
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