Panorama internacional

Putin: 'Rússia saúda a abordagem equilibrada dos países africanos sobre o conflito na Ucrânia'

O presidente russo recebeu em São Petersburgo líderes africanos, que estão em uma missão de paz relativamente ao conflito ucraniano.
Sputnik
Vladimir Putin, presidente da Rússia, disse neste sábado (17) em uma reunião com a delegação africana que o desenvolvimento das relações com os países desse continente é uma prioridade para Moscou.
"O desenvolvimento abrangente das relações com os países do continente africano é uma prioridade da política externa russa. Defendemos consistentemente um maior reforço das relações tradicionalmente amigáveis com os países africanos e com a União Africana", disse ele.
"Neste ano, está se desenvolvendo muito ativamente a cooperação com parceiros africanos em uma ampla gama de áreas", continuou.
Ele lembrou que já estão sendo feitos preparativos para a cúpula Rússia-África, que se realiza em São Petersburgo de 26 a 29 de julho.
"Tenho certeza de que, durante esse evento, será possível identificar novas áreas promissoras para a cooperação nas áreas política, comercial e econômica, científica, técnica, humanitária e outras", afirmou o alto responsável russo.
Putin expressou disponibilidade em falar com quem deseja "estabelecer a paz com base nos princípios de justiça e consideração pelos interesses legítimos das partes".
Macky Sall, presidente do Senegal, destacou o cumprimento da Carta da ONU como necessário, enquanto o presidente sul-africano Cyril Ramaphosa propôs a Kiev e Moscou começarem negociações e uma desescalada mútua devido aos efeitos negativos que as hostilidades estão tendo pelo mundo afora.
Putin, por sua vez, destacou o golpe de Estado "inconstitucional" em 2014 na Ucrânia, "apoiado por patrocinadores ocidentais", como causa dos problemas, e rejeitou a ideia de que a Rússia tenha recusado negociações sobre o conflito.
"Após esse golpe de Estado, parte da população não apoiou esse golpe de Estado e declarou que a população desses territórios não obedeceria às pessoas que chegaram ao poder como resultado desse evento. A Rússia foi forçada a apoiar essas pessoas por causa de nossos laços históricos com os territórios e os laços culturais e linguísticos com as pessoas que vivem nesses territórios", adicionou.
Putin lembrou que Vladimir Zelensky assinou um decreto proibindo a realização de negociações com a Rússia.
"Lá está ele! Ele existe!", exclamou o presidente da Rússia, mostrando o projeto de acordo assinado em Istambul pelo representante da Ucrânia. "É assim que se chama: o tratado sobre a neutralidade permanente e garantias de segurança para a Ucrânia. Precisamente sobre garantias. Dezoito artigos", observou o líder russo
Ele mencionou cláusulas que diziam respeito às Forças Armadas assinadas pela delegação ucraniana.
"Mas depois de, como prometemos, retirarmos as tropas de Kiev, as autoridades de Kiev, como seus patrões costumam fazer, jogaram tudo na lixeira da história. Vamos colocar isso de forma clara. Tentarei dizer de uma forma educada. Eles desistiram disso", apontou Vladimir Putin.
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Quanto à retirada de crianças da Ucrânia, o mandatário assegurou que as forças russas estavam as salvando de uma zona de conflito, que ninguém ficou separado de suas famílias, e que não há obstáculos para se reunirem novamente com seus familiares.
"Onde está a garantia de que eles [a Ucrânia] não continuarão recusando outros acordos? Mas mesmo sob essas condições, não nos recusamos a negociar. Caros amigos, não fomos nós, mas a liderança ucraniana que anunciou que não negociaria", afirmou ele, referindo também o Ocidente como culpado em tornar os Acordos de Minsk inúteis na prática.
O chefe de Estado se pronunciou igualmente sobre o impacto do conflito no suprimento de grãos para os outros países.
"Gostaria de chamar sua atenção para o fato de que a crise no mercado global de alimentos não é, de forma alguma, uma consequência da operação militar especial da Rússia na Ucrânia. Ela começou muito antes da situação na Ucrânia, e surgiu como resultado do fato de que os países ocidentais, tanto os EUA quanto os países europeus, começaram a se envolver em emissões [monetárias] economicamente injustificadas para resolver seus problemas relacionados à epidemia de infecção por coronavírus", comentou.
Segundo ele, com tal ação esses países "varreram como um aspirador de pó do mercado mundial todos os produtos alimentares a seu favor, abusando de sua posição de monopólio e prejudicando os países em desenvolvimento".
"Não entrarei em detalhes, mas é, como dizemos, um fato médico. Uma coisa óbvia", assinalou Putin.
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