Panorama internacional

Qual é o significado dos cortes de produção de petróleo feitos pela OPEP?

Os países da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) reduziram a produção de petróleo em 191.000 barris por dia, para 28,603 milhões, em abril de 2023. A Sputnik reuniu as opiniões de especialistas sobre o motivo pelo qual isso aconteceu e o que isso significa para o mercado global de petróleo e a situação geopolítica.
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Guinada a oriente: Rússia e China

Vitaly Danilov, diretor do Centro de Análise Aplicada de Transformações Internacionais da Universidade Russa da Amizade dos Povos, disse que, apesar do declínio na produção de petróleo, é muito cedo para tirar conclusões sensacionalistas.

"O declínio ocorreu em alguns países, que no momento, por várias razões, não podem produzir hidrocarbonetos no nível da cota alocada a eles", disse o especialista.

Danilov nota que se trata de Estados como Iraque, Nigéria e Angola, enquanto o principal participante da OPEP, a Arábia Saudita, até aumentou o volume de petróleo.
O principal objetivo da OPEP, segundo ele, é manter os preços globais de recursos energéticos altos, mas não especulativos.

"Com os EUA abandonando gradualmente o petróleo do Oriente Médio e aumentando seus volumes provenientes da América Latina e do Canadá, a Arábia Saudita tomou uma decisão estratégica de trabalhar mais estreitamente com a China e a Rússia", explica Danilov.

Além disso, há acordos sobre a redistribuição dos fluxos, levando em conta a guerra de sanções contra a Rússia.
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O especialista observou que a maior parte do petróleo saudita agora vai para a Europa, que tradicionalmente comprava petróleo russo, mas isso objetivamente aumenta seus preços, dada a distância maior e a composição diferente do petróleo.
A Europa tem que arcar com grandes custos devido a problemas logísticos e tecnológicos no setor de energia.

"Tudo isso leva a preços mais altos para o produto final, o que leva também a tensões sociais."

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A professora da Faculdade de Economia Mundial e Política Mundial da Escola Superior de Economia Elmira Imamkulieva acrescenta que os cortes voluntários na produção de petróleo pelos países da OPEP e OPEP+ foram percebidos de forma muito negativa pelos EUA, que insistiam no aumento das cotas.

"Isso teria coberto parte da escassez de petróleo que teria sido criada após a introdução do teto de preço para a Rússia e a redução das exportações russas de petróleo. Mas a Arábia Saudita e outros representantes da OPEP tomaram uma decisão diferente, o que provoca o aumento dos preços do petróleo e maiores receitas para eles em médio prazo", disse ela.

A especialista explica que essa foi "uma medida bastante pragmática e economicamente lucrativa para os principais países exportadores de petróleo, com o objetivo de aumentar o preço por meio da redução da oferta".
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Por causa dos carros elétricos

O especialista do Instituto de Economia Mundial e Negócios da Universidade Russa da Amizade dos Povos Khadzhimurad Belkharoev observa que a Venezuela, Líbia e Irã foram liberados de quaisquer restrições, enquanto a Rússia e Arábia Saudita fizeram os maiores cortes na produção.
As razões da redução na produção de petróleo incluem, além das sanções energéticas, o aumento da porção de veículos elétricos, especialmente na União Europeia (UE), em que um em cada cinco carros é elétrico.

"Em 2022, mais de dez milhões de veículos elétricos foram vendidos em todo o mundo; neste ano, espera-se que as vendas aumentem para 15 milhões de unidades. De acordo com especialistas, essa tendência contribuirá para a redução do consumo de combustíveis para motores em cinco milhões de barris por dia até 2030", indica Belkharoev.

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Países soberanos não trabalharão em seu próprio prejuízo

Belkharoev acrescenta que no Oriente Médio, na Ásia e na África à liderança de Estados e empresas chegam gestores que estudaram nas instituições de ensino mais prestigiadas do mundo, além de terem experiência em empresas multinacionais globais.

"Eles conhecem em primeira mão o valor da 'democracia ocidental' e seus interesses, portanto, são guiados pelos interesses nacionais de seus países. Os tempos em que os países soberanos cooperavam em seu próprio prejuízo, contra países terceiros, estão passando à história."

Ao mesmo tempo, disse ele, não há substituto para as matérias-primas de hidrocarbonetos no longo prazo, acrescentando que o aumento constante da população mundial exige um aumento proporcional na base de matérias-primas e recursos.

"O futuro está nos países que têm suas próprias matérias-primas e recursos", concluiu o especialista.

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