Panorama internacional

Como a máquina de guerra americana ficou sem combustível? Colunista opina

O arsenal militar dos Estados Unidos foi drenado pelo apoio militar à Ucrânia e por décadas de escolhas falhas em política de defesa, diz o pesquisador de política externa dos EUA Hal Brands em seu artigo para a Bloomberg.
Sputnik
Em seu artigo, o colunista exorta Washington a abandonar a estratégia que visa a primazia na economia de alta tecnologia e voltar à primazia na produção de armas.
O arsenal dos EUA está em um estado lamentável, assim como a capacidade da América de sustentar – ou melhor ainda, dissuadir – uma guerra entre grandes potências, escreve Brands no seu artigo.
Brands vê o apoio militar em larga escala dos EUA à Ucrânia e décadas de escolhas políticas falhas como a razão disso. De acordo com o autor do artigo, no mundo pós-Guerra Fria, que foi determinado pelo domínio americano, as decisões políticas errôneas do establishment americano não importavam muito.
No entanto, devido ao conflito na Ucrânia, é provável que essas decisões políticas custem caro a Washington nos próximos anos.
Como explica o autor do artigo, os EUA já tiveram uma base industrial e de defesa insuperável. No final da Primeira Guerra Mundial, o país estava construindo mais navios do que o resto do mundo junto. E no meio da Segunda Guerra Mundial os Estados Unidos estavam quatro vezes mais industrializados que a Alemanha.
Mas a mudança na estrutura da economia dos EUA levou à difícil situação atual, em que o país precisará de anos para substituir a quantidade de armas que a Ucrânia gastou em semanas.
Apesar de a liderança econômica americana se manter, agora ela é baseada na primazia da economia de alta tecnologia, e não na primazia industrial. Segundo Brands, isso permitiu que o país desenvolvesse as armas mais sofisticadas do mundo, mas ao mesmo tempo dificultou sua produção em larga escala.
A situação foi agravada pelo declínio nos gastos com defesa após o fim da Guerra Fria. No final da década de 1990, eles caíram para cerca de 3% do PIB dos 6% em meados da década de 1980. Ainda hoje, os gastos com defesa são inferiores a 4% do PIB do país.
A estratégia dos EUA de aumentar a qualidade dos armamentos em detrimento da quantidade parecia ser muito racional ao longo da maior parte do período pós-Guerra Fria. Naquela época, os Estados Unidos tinham conflitos longos, mas de baixa intensidade.

"As guerras dos Estados Unidos eram contra oponentes inferiores, como a Sérvia, ou eram conflitos longos, mas de baixa intensidade – no Iraque e no Afeganistão, por exemplo – que não consumiam um grande número de munições de alta qualidade ou infligiam um atrito pesado em tanques, navios e aviões dos EUA."

A assistência militar americana à Ucrânia demonstra o quanto é difícil para os EUA substituir as reservas esgotadas por causa de déficits acumulados há muito tempo, como a falta de mão de obra treinada e engarrafamentos criados pela dependência de fornecedores individuais de motores de foguetes ou componentes de projéteis de artilharia.
Ao mesmo tempo, Brands adverte que o problema, que vem crescendo há anos, não pode ser resolvido da noite para o dia. O autor do artigo insiste que deve ser aumentado o orçamento de defesa dos EUA e deve se convencer as empresas de defesa da necessidade de expandir a produção.
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