Panorama internacional

Teto de preço ao diesel russo vai aumentar custos logísticos para Europa, diz especialista

O limite de preço da União Europeia (UE) para o diesel russo e outros produtos petrolíferos refinados corre o risco de aumentar a pressão sobre a inflação doméstica, ao mesmo tempo em que pressiona o mercado global e suas capacidades de transporte, afirmou o professor de geopolítica de energia, Damien Ernst, à Sputnik.
Sputnik
A UE se juntou aos países do G7 (grupo composto por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido) e à Austrália na semana passada ao estabelecer um limite de preço de US$ 100 (cerca de R$ 521) para o diesel, combustível de aviação e gasolina, e limitar outros produtos brutos e petrolíferos a US$ 45 (aproximadamente R$ 233) por barril, enquanto o Ocidente busca reduzir as receitas de exportação da Rússia em resposta ao conflito na Ucrânia.
Os limites entraram em vigor no domingo (5), dois meses depois que os aliados estabeleceram um teto de preço de US$ 60 (cerca de R$ 311) para o petróleo russo. As sanções mais recentes ocorrem em um momento de aumento dos preços do diesel, enquanto a Europa luta para garantir importações de fontes alternativas. Dados da S&P Global mostram que a UE ainda importava 27% de seu diesel da Rússia semanas antes da introdução do limite de preço.
Ernst, da Universidade de Liège e do Instituto Politécnico de Paris, disse que o limite provavelmente vai contribuir para o já alto custo de vida na Europa porque o aumento dos preços do diesel consome os orçamentos de transporte e afeta o custo da maioria dos bens de consumo. A reorganização das cadeias de abastecimento que levaram décadas para ser construídas na UE vai resultar em rotas marítimas mais longas e aumentos potenciais nos preços das bombas.
"Pode-se temer que novamente a UE dê um tiro no próprio pé, punindo seus próprios cidadãos já atingidos por uma onda de inflação sem precedentes com preços mais altos de alimentos, transporte, aquecimento e eletricidade. A desotimização da logística provavelmente significará um aumento de € 0,05 [aproximadamente R$ 0,28] por litro na bomba na Europa muito rapidamente", disse ele.
Panorama internacional
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Ele previu que os Estados Unidos seriam os maiores vencedores do impasse do Ocidente com a Rússia. As refinarias dos EUA se tornaram a maior fonte alternativa de diesel da Europa desde fevereiro passado, subindo para um recorde de 237 mil barris por dia em janeiro, ante 34 mil barris um ano atrás, de acordo com dados de petroleiras compartilhados pela S&P Global. Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, China e Índia também tiveram ganhos.
"Você pode esperar que a Índia, por exemplo, aumente a venda para a Europa de produtos refinados de petróleo bruto comprados da Rússia. Isso é um duplo negativo para a Europa: eles perdem o valor agregado da atividade industrial nas refinarias europeias e ainda compram produtos da Rússia da Índia", disse o especialista.
Ernst estimou que a Rússia ainda teria boas margens de lucro após a eliminação gradual de descontos e abatimentos em produtos refinados. Ele chamou o efeito potencial dos novos limites de preço na Rússia de "mais simbólico do que eficiente" e mais propenso a prejudicar os europeus do que os russos.
"O FMI anunciou que o crescimento da economia russa será maior do que o crescimento da União Europeia em 2024; o FMI levou em consideração as sanções. Isso diz tudo. Uma gigantesca reorganização do mercado mundial por nada em termos de eficiência da sanção contra a Rússia", sugeriu o especialista.
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