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Após críticas de Lula, Banco Central volta atrás e produz ata do Copom mais 'amigável' com Haddad

Em meio ao clima tenso entre governo e BC, comunicado do Copom dessa semana veio com tom mais harmonioso, levando em consideração políticas do Ministério da Fazenda. Segundo a pasta, Haddad quer divulgar nova regra para contas públicas até abril.
Sputnik
Na semana passada, o presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, deixou publicamente clara sua insatisfação com a resistência adotada pelo Banco Central em relação às diretrizes do Ministério da Fazenda. Lula chegou a falar em traição e se referiu ao chefe do BC, Roberto Campos, como "aquele cidadão", o que demonstrou sua irritação com a resistência encontrada dentro da instituição financeira.
Porém, o reconhecimento do Comitê de Política Monetária (Copom), em ata divulgada nesta terça-feira (7) pelo BC, de que o pacote fiscal do governo atenuaria estímulos fiscais sobre demanda foi bem recebida por integrantes da equipe econômica do ministro Fernando Haddad.
Após a divulgação, Haddad disse que o comunicado de hoje (7) foi mais "analítico" e "amigável", de acordo com o G1.
"Veio melhor que o comunicado [do Copom, divulgado na semana passada]. Mais extensa, analítica, colocando pontos importantes sobre o trabalho do Ministério da Fazenda. É uma ata mais amigável em relação aos próximos passos que precisam ser tomados", afirmou o ministro citado pela mídia.
O Copom é um órgão constituído no âmbito do Banco Central do Brasil em 20 de junho de 1996, com as finalidades de estabelecer as diretrizes da política monetária e definir a taxa básica de juros.
Na segunda-feira (6), Lula afirmou que a taxa de juros aplicada pelo BC era uma vergonha: "É só ver a carta do Copom para a gente saber que é uma vergonha esse aumento de juros e a explicação que eles deram para a sociedade brasileira", disse o mandatário.
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De acordo com a mídia, na ata do órgão, o BC avaliou que a execução do pacote fiscal do ministro Haddad, anunciado em janeiro, com foco principalmente na alta da arrecadação, "atenuaria os estímulos fiscais sobre a demanda, reduzindo o risco de alta sobre a inflação".
Apesar de uma referência mais clara ao pacote para as contas públicas, o BC observou que "será importante acompanhar os desafios na sua implementação" pelo governo. As medidas ainda precisam ser confirmadas pelo Congresso Nacional.

Esse é mais um capítulo do ambiente de tensões existente entre o governo atual e o Banco Central autônomo chefiado por Roberto Campos, que foi indicado pelo ex-presidente, Jair Bolsonaro, tem mandato fixo até o fim de 2024.
Segundo a jornalista Andréia Sadi, Campos Neto é visto como um potencial candidato à presidência da República pelo campo bolsonarista. Chegou até a ser ventilada uma articulação política no Senado para revogar a autonomia do BC, ou até exonerar Campos Neto.
Entretanto, para o governo Lula, se o presidente eleger o chefe do BC como seu rival e passar "22 meses batendo boca com ele", pode acabar o elencando, com força, como um personagem para a eleição presidencial, relata Sadi.
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