Panorama internacional

'Petroyuan': importações de petróleo da China podem levar a uma nova ordem mundial de energia

Em dezembro, o presidente chinês Xi Jinping se reuniu com os líderes da Arábia Saudita e das nações do Conselho de Cooperação do Golfo para delinear cinco áreas "prioritárias" em suas relações com os países do Golfo para os próximos anos, incluindo o acordo de transações bilaterais de petróleo e gás no yuan chinês.
Sputnik
O impulso da China para usar o yuan ao comprar petróleo das nações do Golfo pode resultar na criação de uma nova ordem mundial de energia, informou um jornal do Reino Unido.
De acordo com a matéria, o analista do Credit Suisse, Zoltan Pozsar, enfatizou a importância da reunião do presidente chinês Xi Jinping com os líderes sauditas e do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC, na sigla em inglês) em dezembro.
Pozsar argumentou que a reunião "marcou o nascimento do petroyuan", refletindo o esforço da China "para reescrever as regras do mercado global de energia".
Segundo ele, esse impulso faz parte de "um esforço maior para desdolarizar" os países do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), "e muitas outras partes do mundo após a utilização das reservas cambiais em dólares como armas" por ocasião do início da operação militar especial russa na Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022.
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Durante a cúpula, o analista lembrou que o presidente Xi anunciou, já nos próximos três a cinco anos, que a China não apenas aumentaria drasticamente as importações das nações do GCC, mas também trabalharia em direção à "cooperação energética em todas as dimensões".
"Isso poderia envolver exploração e produção conjuntas em lugares como o mar do Sul da China, bem como investimentos em refinarias, produtos químicos e plásticos. A esperança de Pequim é que tudo seja pago em renminbi [yuan], na Bolsa de Petróleo e Gás Natural de Xangai, já em 2025", observou Pozsar.
Embora não transforme o renminbi em um substituto para o dólar como moeda de reserva, "o comércio do petroyuan, no entanto, traz importantes implicações econômicas e financeiras para formuladores de políticas e investidores", segundo a agência de notícias.
O especialista apontou para "a perspectiva de energia barata", que "já está atraindo empresas industriais ocidentais para a China", para onde a principal fábrica da BASF da Alemanha, em Ludwigshafen, foi recentemente transferida. É possível que esta tendência chamada pelo especialista de "farm to table" (da fazenda à mesa) na qual "a China tenta capturar mais produção de valor agregado localmente, usando energia barata como isca" esteja começando.
A China já está negociando com muitos parceiros, incluindo a Rússia, em yuan, gradualmente se afastando do dólar. No mais recente sinal da pressão de Pequim pela desdolarização, as autoridades chinesas, no início da semana, estenderam o horário de negociação do yuan onshore como parte da tentativa do governo de aumentar o uso internacional da moeda. O yuan valorizou mais de 6,9 por dólar, atingindo seus níveis mais altos em quatro meses depois que a China anunciou a extensão do horário de negociação.
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Perspectivas 'boas' para o petróleo russo

O diretor-geral da fabricante russa de equipamentos Evropeiskaya Elektrotekhnika, Ilya Kalenkov, disse à Sputnik que, com o mundo tentando sem sucesso mudar para a energia verde, a Rússia, que está realizando transações comerciais com a China em yuan, tem perspectivas "boas" na mercado de energia global, que, segundo ele, vai permanecer em vigor nos próximos anos.
Sobre as reservas internacionais de petróleo, Kalenkov afirmou que é improvável que se esgotem em um futuro previsível e que a quantidade e a disponibilidade de "ouro negro" vão depender do desenvolvimento de tecnologias modernas.
Kalenkov lembrou que atualmente o petróleo é extraído de uma profundidade de 3 a 3,5 quilômetros, e isso é considerado a norma para a produção de petróleo. Há 40 anos, no entanto, a produção de petróleo era feita a apenas 1,5 quilômetro de profundidade, e todas as reservas de petróleo em profundidades maiores eram consideradas irrecuperáveis.
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