Panorama internacional

Especialista: França tem seus interesses no Mali, não pensa nada sobre a segurança dos locais

Um historiador da Academia de Ciências da Rússia opinou que o país tem mais capacidade de ajudar o Mali do que a França, que "rouba africanos e países da África Ocidental".
Sputnik
Os protestos contra a França e a ONU na região do Sahel, particularmente no Mali, em meio ao fim da Operação Barkhane da França no Mali e aos recentes anúncios de saída do Reino Unido e da Alemanha, sinalizam que as populações entendem que Paris segue sua própria agenda, disse um especialista à Sputnik.
O dr. Vasily Filippov, historiador e pesquisador principal do Centro de Estudos Africanos Tropicais do Instituto de Estudos Africanos da Academia de Ciências da Rússia, disse à Sputnik que os franceses "saquearam e continuam saqueando os países do Sahel: urânio, ouro, diamantes".
"As pessoas estão gradualmente percebendo que isto não é uma ajuda para os malianos, mas apenas um saque, e é por isso que se diz cada vez mais que a França é uma espécie de 'explorador' coletivo que rouba africanos e países da África Ocidental", diz o especialista.
Segundo o acadêmico, os "interesses próprios" da França na região se resumem em grande parte à proteção das minas de urânio do Sahel, que fornecem combustível para usinas nucleares na Europa. A Operação Barkhane, lançada em 2014, pode ter no início parado com sucesso a ofensiva dos separatistas tuaregues, mas a defesa desse recurso era também importante para Paris, "então a França não pensava em nada sobre a segurança dos malianos".
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Filippov qualificou a missão multinacional da França de "laxista" e "contraditória". Ele apontou que a iniciativa "não obteve grandes vitórias", devido a não ser capaz de lutar eficazmente nas condições do Mali, com o calor não permitindo o arranque dos tanques, as tempestades de areia tornando o uso de helicópteros perigoso e os separatistas e islamistas sendo difíceis de enfrentar por serem móveis, em contraste com as forças alemãs. Elas, por sua vez, teriam participado somente a pedido de Paris.
"O presidente [francês Emmanuel] Macron sabe bem que nem os recursos militares nem os recursos financeiros da França lhe permitem lutar eficazmente contra os islamistas. Os franceses lutaram lá [...] e, no entanto, ainda há derramamento de sangue lá", comentou.
Para Vasily Filippov, depois que se tornou óbvio para os malianos que a intervenção ocidental não poderia garantir a estabilidade no país, eles começaram a recorrer à Rússia em busca de ajuda.
De acordo com o membro da Academia de Ciências da Rússia, poderá ser uma "cooperação muito eficaz" com o Mali, e também com outros países do Sahel, como Burkina Faso. Ele nota que nos protestos em Bamaco é possível ver "retratos de Putin e bandeiras russas" e sublinha que a Rússia e o Mali "têm interagido ativamente e formado relações muito amigáveis" desde os anos 1960.
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