Panorama internacional

Merkel diz que não teve apoio da UE para dialogar com Putin sobre a Ucrânia

Ex-chanceler alemã disse em entrevista à revista Der Spiegel não ter recebido com surpresa a notícia do início da operação militar da Rússia na Ucrânia, dado o descumprimento por parte de Kiev dos acordos de Minsk.
Sputnik
A ex-chanceler alemã Angela Merkel disse nesta quinta-feira (24) que tentou, no final de seu último mandato, iniciar negociações com a Rússia para impedir a escalada de tensão atualmente em curso na Ucrânia.
Merkel foi chanceler da Alemanha entre 2005 e 2021, sendo a mais longeva no cargo na história do país. Em entrevista nesta quinta-feira à revista alemã Der Spiegel, ela disse que tentou estabelecer um diálogo independente com Putin no Conselho da União Europeia (UE) em seu último ano de mandato, mas não obteve apoio.
"No verão de 2021, após o encontro entre os presidentes [Joe] Biden e [Vladimir] Putin, eu, junto com Emmanuel Macron, mais uma vez quis estabelecer um formato europeu independente para discussões com Putin no Conselho da UE. Alguns colocaram objeções, e eu já não tinha forças para me impor porque todos sabiam que eu sairia no outono [do Hemisfério Norte]", disse a ex-chanceler alemã.
Operação militar especial russa
Ucrânia rejeita candidaturas de Merkel e Berlusconi para mediar conflito
Ela destacou que não recebeu com surpresa a notícia do início da operação militar especial da Rússia na Ucrânia, dado o descumprimento por parte de Kiev dos acordos de Minsk. Os acordos foram assinados em 2014 e 2015, por Rússia, Ucrânia, República Popular de Lugansk (RPL) e República Popular de Donetsk (RPD), e tinham como objetivo pôr fim aos conflitos armados no leste da Ucrânia.
Merkel acrescentou que, se estivesse em um novo mandato como chanceler, continuaria buscando o diálogo com Putin. Porém, disse que em sua última visita a Moscou percebeu que seu tempo havia passado no contexto da política de poder.
Mais cedo, o ex-primeiro-ministro da Rússia Sergei Stepashin disse que Merkel foi quem convenceu Putin a assinar os acordos de Minsk. Segundo ele, sem o acordo, Moscou já poderia ter resolvido a questão da libertação da chamada Nova Rússia dos nazistas.
Comentar