Panorama internacional

Observador: elevação das apostas dos EUA e da OTAN na Ucrânia pode terminar na 'devastação nuclear'

A 101ª divisão aerotransportada do Exército dos EUA, conhecida como Screaming Eagles, foi implantada na Romênia para participar de exercícios militares a poucos quilômetros da fronteira da Ucrânia.
Sputnik
A demonstração de força da OTAN nas proximidades da Rússia está repleta de riscos de desencadear um conflito acidental que pode levar a uma guerra total, aponta especialista entrevistado pela Sputnik.

"O presidente [Joe] Biden disse muitas vezes que as tropas dos EUA não vão se envolver na Ucrânia. Infelizmente, tais declarações não valem nada porque a história tem mostrado que os EUA não cumprem seus compromissos e promessas", disse Rick Sterling, jornalista e autor investigativo. "Por exemplo os EUA prometeram não expandir a OTAN. Eles o fizeram até a fronteira da Rússia. Os EUA se comprometeram com o acordo JCPOA sobre o Irã, mas o presidente rasgou o acordo. O presidente [Barack] Obama prometeu que não haveria 'soldados dos EUA na Síria', mas as tropas dos EUA têm estado lá desde 2015, roubando o petróleo sírio. Os EUA traíram todos esses compromissos".

Cerca de 4.700 militares da 101ª divisão aerotransportada dos EUA foram enviados pelo Pentágono com equipamentos pesados para reforçar o flanco leste da OTAN em meio à operação especial russa na Ucrânia. Em entrevista à CBS, comandantes da referida divisão disseram estar "totalmente preparados para cruzar a fronteira para a Ucrânia" se "os combates escalarem" ou "houver qualquer ataque à OTAN".
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"Se o conflito direto entre os EUA e a Rússia eclodir, isso não teria uma importância decisiva", argumentou Sterling em aparente referência ao tamanho relativamente modesto do contingente da referida divisão. "Assim, o objetivo deste destacamento na Romênia é provavelmente político – agir com firmeza. Ao mesmo tempo, isso aumenta perigosamente o risco de um incidente intencional ou acidental, que poderia iniciar uma reação em cadeia levando ao conflito direto. É uma implantação irresponsável".
No final de março, Moscou e Kiev conseguiram alcançar um compromisso preliminar nas negociações em Istambul. Inesperadamente, a liderança ucraniana recuou em seus compromissos de paz, apesar de a Rússia ter voluntariamente retirado suas forças da região de Kiev. A mudança radical de Kiev foi acompanhada pela farsa de Bucha e pelas afirmações do Ocidente sobre aumentar significativamente o envio de armas à Ucrânia para enfraquecer a Rússia. Em 25 de abril, o secretário de Defesa dos EUA Lloyd Austin disse que "queremos ver a Rússia enfraquecida até o nível de não poder fazer o tipo de coisas que fez ao invadir a Ucrânia".
A ex-secretária de Estado dos EUA Hillary Clinton traçou um paralelo entre o conflito na Ucrânia e o envolvimento da União Soviética na guerra do Afeganistão em 1979-89. Ela saudou a administração Reagan por armar jihadistas afegãos e sugeriu que, se a Ucrânia for abastecida com armamento suficiente por um longo período de tempo, isso acabaria enfraquecendo a Rússia.
"[Hillary] Clinton e os neoconservadores querem que a Rússia sangre por longo período de tempo", disse Sterling. "Eles querem enfraquecer a Rússia para um ataque posterior. Mas isso é brincar com o fogo. A Rússia poderia se retirar do Afeganistão. Não pode se dar ao luxo de perder na Ucrânia" […] "Também é perigoso porque as pessoas no comando agora – Biden, Nuland, Sullivan – são as que executaram o golpe de 2014 [na Ucrânia] que levou a esse desastre", concluiu o jornalista.
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