Panorama internacional

Após tensões entre Pequim e OTAN, acadêmico relata por que China não aceita vontade do bloco

O presidente do Comitê Militar da OTAN, Rob Bauer, e o embaixador chinês na Islândia, He Rulong, entraram em uma troca de palavras tensa neste sábado (15) na Assembleia do Círculo Polar Ártico.
Sputnik
No evento que aconteceu de 13 a 16 de outubro na Islândia, Bauer sugeriu que a China não "compartilha" os "valores" da Aliança e sugeriu que o país "mina a ordem internacional baseada em regras".
Criticado pelo embaixador chinês que acusou o almirante neerlandês de fazer um discurso "cheio de arrogância e também paranoia", defendendo as atividades chinesas na região do Ártico, Bauer respondeu acusando China de minar "o princípio da soberania e a importância das fronteiras internacionalmente reconhecidas no mundo" ao se manter neutro em relação à crise ucraniana.
Embaixador He Rulong explicou que a China vê a crise na Ucrânia se baseando em um "[contexto] internacional, histórico e também atual com a perspectiva de longo prazo", e ressaltou que o papel da China tem sido e continuará sendo o de "pacificadora no mundo".
Separadamente no evento, Gao Feng, representante especial do Ministério das Relações Exteriores da China para assuntos do Ártico, disse aos participantes do fórum que Pequim não apoiará as tentativas de excluir a Rússia do Conselho do Ártico.
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Wang Yiwei, diretor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade Renmin, salientou em entrevista à Sputnik que seria tolice tentar excluir a Rússia de várias plataformas internacionais de cooperação internacional.
"O Ocidente está usando o conflito ucraniano para bloquear a cooperação internacional, inclusive no Ártico", disse Wang. "O conflito russo-ucraniano tem suas difíceis causas históricas. As tentativas de usar a situação para excluir a Rússia da cooperação em mecanismos multissetoriais são não só irracionais, mas exemplificam muito bem as intenções daqueles que estão por trás de tais tentativas", acrescentou o acadêmico chinês.
China tem resistido e continuará resistindo a todos os esforços para politizar e militarizar o Ártico, disse o especialista.

"[…] O desenvolvimento do Ártico está recebendo cada vez mais atenção. Depois de incorporar a Finlândia e a Suécia, a voz da OTAN sobre essas questões se fortalecerá significativamente. A OTAN está não só tentando pressionar a Rússia – o maior membro do Conselho do Ártico, mas também militar a influência da China na esperança de transformar o Ártico em uma zona de conflito com a China e a Rússia, politizando gradualmente e até militarizando a região. Isso é algo a que a China se opõe fortemente", concluiu Wang.

Na semana passada, informou-se que os Estados Unidos estão lançando sua primeira nova estratégia nacional para o Ártico desde 2013, estabelecendo a abordagem do país para a região na próxima década.
A nova estratégia dos EUA para o Ártico visa posicionar os EUA na concorrência efetiva com a Rússia e a China na região e gerir essas tensões.
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