Panorama internacional

Índia critica fornecimento de armas ocidental ao Paquistão e elogia laços com a Rússia

Em uma coletiva de imprensa na Austrália, o ministro das Relações Exteriores da Índia apontou críticas à forma como os países ocidentais têm tratado Nova Deli e Islamabad, e explicou o relacionamento militar com a Rússia.
Sputnik
Os "antigos" laços de defesa entre a Índia e a Rússia têm se expandido ao longo dos anos por uma variedade de razões, incluindo a política dos governos ocidentais de preferir o Paquistão nas transações de defesa, disse na segunda-feira (10) Subrahmanyam Jaishankar, ministro das Relações Exteriores indiano.
"Os países ocidentais não forneceram armas à Índia e, de fato, consideraram a ditadura militar ao nosso lado um parceiro preferencial", disse Jaishankar em resposta a uma pergunta durante uma coletiva de imprensa em Camberra, Austrália, com Penny Wong, ministra das Relações Exteriores australiana.
Jaishankar sublinhou que os "méritos" dos sistemas de defesa russos sobre os outros disponíveis no mercado eram outra razão para Nova Deli aumentar seus laços militares com Moscou.
"Todos nós na política internacional lidamos com o que temos. Fazemos julgamentos que refletem nossos interesses futuros, bem como da situação atual", disse ele, acrescentando que "o relacionamento [com a Rússia] certamente tem servido bem aos nossos interesses".
Jaishankar criticou no final de setembro a aprovação por Washington de um pacote de manutenção de F-16 a Islamabad com valor de US$ 450 milhões (R$ 2,36 bilhões), negando ter "conteúdo antiterrorista".
Moscou tem sido historicamente o principal fornecedor de armas e sistemas de armamento sofisticados da Índia, posição que ainda ocupou no ano passado, de acordo com o relatório de 2021 do Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (SIPRI, na sigla em inglês) sobre "Transferências Internacionais de Armas".
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Já os laços de defesa indo-americanos são relativamente novos, com os suprimentos militares de Washington a Nova Deli aumentando de zero em 2008 para quase US$ 20 bilhões (R$ 104,09 bilhões) em 2020, de acordo com o Departamento de Estado dos EUA.
Desde o início da operação militar especial na Ucrânia em fevereiro, Nova Deli tem rejeitado consistentemente os apelos dos EUA e outros países ocidentais para reduzir seus laços militares e políticos com Moscou.
Nova Deli não só os reforçou, mas também aumentou significativamente suas importações de energia russa devido aos altos preços dos combustíveis. O chanceler indiano referiu suas preocupações sobre os efeitos da crise da Ucrânia quando observou que os países do "Sul Global" em particular estavam combatendo o aumento dos preços dos combustíveis e dos alimentos.
Jaishankar também rejeitou a ideia de que as fortes relações de Nova Deli com Moscou estavam "atrasando o grupo Quad", que compreende, além da Índia, a Austrália, EUA e Japão.
"O Quad é um mecanismo que se concentra no Indo-Pacifico, onde as convergências entre os parceiros do Quad são particularmente fortes", apontou ele.
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