Panorama internacional

Kremlin: decisão da OPEP+ de cortar produção de petróleo é uma 'vitória do bom senso'

Na semana passada, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (OPEP+) concordou em cortar a produção de petróleo em dois milhões de barris por dia (bpd), minando a diplomacia do governo Biden nas nações do Golfo que visa aumentar a produção em meio a uma crise global de energia potencializada pelas sanções ocidentais antirrussas.
Sputnik
A "posição responsável" adotada pela OPEP+ para reduzir a produção de petróleo serve para equilibrar o "caos" nos mercados globais de energia desencadeado pelos Estados Unidos, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.
"Claro, o fato de que o presidente [russo] foi capaz de estabelecer relações mutuamente respeitosas [com a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos] que são baseadas no benefício mútuo, com base na confiança mútua — isto, obviamente, ajuda a discutir os detalhes mais críticos. Não estou inclinado a dizer que isso é algum tipo de vitória de nossa parte. É uma vitória do bom senso", disse Peskov em entrevista à televisão russa neste domingo (9).
O porta-voz disse que é bom que tal "trabalho equilibrado, ponderado e planejado por países que assumem uma posição responsável dentro da OPEP resista às ações dos EUA" seja possível, já que "isso pelo menos equilibra o caos causado pelos americanos".
A OPEP+ concordou em cortar a produção de petróleo em dois milhões de bpd na quarta-feira (5) após uma reunião ministerial em Viena, com os cortes previstos para entrar em vigor em novembro.
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A medida foi tomada em meio à crescente incerteza nos mercados globais de petróleo, causada em parte pelos esforços ocidentais para limitar a compra e venda de energia russa e introduzir um "limite de preço" no petróleo russo. Autoridades de Moscou já alertaram que qualquer tentativa de "limitar" os preços do petróleo russo pode levar a uma interrupção nas exportações. A Rússia responde por aproximadamente 10% do mercado global de petróleo bruto.
"Os EUA começaram a literalmente perder seu autocontrole [...] Sua principal tarefa é levar adiante as decisões [que visam a energia russa] parcialmente adotadas pela União Europeia [UE] em seu último pacote de sanções, mesmo ao custo de desestabilizar o mercado global de energia", disse Peskov.
A Casa Branca expressou "decepção" com a decisão da OPEP+, prometendo despejar mais dez milhões de barris da Reserva Estratégica de Petróleo dos EUA no mercado, enquanto alguns legisladores ameaçavam retirar os sistemas de armas, tropas e contratados dos EUA da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos como medida de retaliação.
O secretário de Estado Antony Blinken disse que Washington consideraria "várias opções de resposta" contra Riad sobre os cortes, enquanto a secretária de imprensa de Biden, Karin Jean-Pierre, acusou a OPEP+ de "alinhar-se com a Rússia".
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O senador democrata Chris Murphy encorajou Washington a iniciar uma "reavaliação por atacado" da aliança dos Estados Unidos com Riad, enquanto o congressista democrata Tom Malinowski acusou os Estados do Golfo de tentarem afundar a economia dos EUA e "ajudar" os inimigos de Washington.
Autoridades sauditas e da OPEP+ ignoraram as preocupações de Washington, garantindo que os cortes acordados foram projetados para estabilizar os mercados de energia.
Em meio a relatos de que os Estados Unidos podem suspender suas sanções ao petróleo venezuelano para lidar com a possível escassez, republicanos seniores, incluindo o ex-presidente Donald Trump, pediram ao governo federal que incentive o aumento da produção doméstica de petróleo em vez de dar a volta ao mundo "implorando a todos por petróleo".
Comentando sobre os planos do governo Biden de consumir ainda mais de sua reserva, Peskov sugeriu que "tal jogo não levará a nada de bom" para Washington a longo prazo.
Os 13 Estados-membros da OPEP incluem Argélia, Angola, República do Congo, Guiné Equatorial, Gabão, Irã, Iraque, Kuwait, Líbia, Nigéria, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Venezuela, com os sauditas servindo como líderes de fato do bloco. A OPEP+ é composta por esses membros, além de grandes produtores de petróleo não membros que concordam com acordos de fornecimento ou os destinados a estabilizar os preços globais do petróleo. Seus membros incluem Azerbaijão, Bahrein, Brunei, Cazaquistão, Malásia, México, Omã, Filipinas, Rússia, Sudão e Sudão do Sul.
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