Panorama internacional

Parentes e amigos do jornalista Dom Phillips participam de ato contra Bolsonaro em Londres

Protesto foi organizado de maneira pacífica, em frente à casa do embaixador do Brasil no Reino Unido, para onde Bolsonaro se dirigiu logo ao chegar à cidade.
Sputnik
A chegada do presidente Jair Bolsonaro a Londres, onde viajou para participar do funeral de Estado da Rainha Elizabeth II, foi alvo de um protesto organizado por um grupo intitulado Brazil Matters, do qual participaram amigos e parentes do jornalista britânico Dom Phillips, assassinado em 5 de junho deste ano, quando percorria a Amazônia colhendo depoimentos para um livro, acompanhado do indigenista Bruno Pereira, também executado.
O protesto foi organizado de maneira pacífica, por um grupo pequeno, em frente à casa do embaixador do Brasil no Reino Unido, para onde Bolsonaro se dirigiu logo ao chegar à cidade. Manifestantes seguravam faixas com dizeres como "Parem Bolsonaro pelo futuro do planeta". Porém, o grupo precisou ser cercado e escoltado pela Polícia Metropolitana de Londres após ser hostilizado por outro grupo, composto por apoiadores do presidente, que também se reuniu no local.
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Uma das parentes do jornalista presentes no ato, era Domonique Davies. Em entrevista ao jornal O Globo, ela disse que o grupo estava no local "para protestar contra a presença de Bolsonaro no Reino unido e mostrar solidariedade a Dom e Bruno". "Mas também a todos os indígenas e outros que foram assassinados na Amazônia", disse Davies.
Em sua conta no Twitter, Domonique postou o momento em que o grupo foi hostilizado por apoiadores de Bolsonaro.
Já a documentarista Clare Handford, amiga íntima de Dom, disse que "pessoalmente, acha que Bolsonaro não é bem-vindo em solo britânico" e "não é bem-vindo no funeral da rainha". "Ele é responsável pela destruição da floresta amazônica e pela profanação dos povos indígenas e ele deve ser combatido", disse Handford.
A morte de Dom Phillips e Bruno Pereira causaram repercussão mundial, incluindo no Reino Unido. Em 15 de junho, quando as buscas ainda estavam em andamento, a ex-primeira-ministra britânica Theresa May cobrou o então primeiro-ministro Boris Johnson pedindo prioridade diplomática para o caso.
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"Espero que o governo torne esse caso uma prioridade diplomática e que trabalhe para fazer tudo em seu poder no sentido de garantir que as autoridades brasileiras destinem todos os recursos necessários para desvendar a verdade e descobrir o que aconteceu com Dom e Bruno", disse May, em uma sessão do parlamento britânico.
Johnson afirmou estar "profundamente preocupado" e se comprometeu a dar todo apoio ao Brasil para as investigações. Poucas horas depois, os restos mortais de Dom e Bruno foram encontrados.
No Brasil, o caso dividiu opiniões. Para apoiadores do presidente, Bolsonaro não pode ser responsabilizado pela decisão do jornalista e do indigenista de entrar em uma área perigosa, como o Vale do Javari, onde foram executados por integrantes de uma quadrilha de pesca ilegal. Para críticos, a retórica de Bolsonaro elevou a crença na impunidade em grupos que atuam com garimpo e pesca ilegal na Amazônia.
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