Panorama internacional

Сonflito entre Grécia e Turquia pode resultar no colapso da OTAN, diz analista

Qualquer conflito entre a Grécia e a Turquia pode levar ao colapso da OTAN, embora neste momento tal reviravolta seja pouco provável, mesmo em meio a mais um agravamento das relações entre os dois países, diz o professor Dimitris Stathakopoulos, da Universidade Pantheon, especialista em assuntos turcos, entrevistado pela Sputnik.
Sputnik
As tensões entre a Turquia e a Grécia se agravaram de maneira acentuada após 23 de agosto. Nesse dia, conforme Ancara, quando os caças turcos F-16 estavam efetuando uma missão no âmbito da OTAN no espaço aéreo sobre o mar Egeu, eles foram "capturados no radar" do sistema de defesa aérea S-300 da Força Aérea grega, posicionado na ilha de Creta.
As autoridades turcas declararam suas intenções de levantar a questão da perseguição pela Grécia dos seus aviões militares a nível da OTAN. O presidente turco Recep Tayyip Erdogan afirmou que a Grécia "pagaria muito caro" caso "avançasse".

"Por enquanto, a Turquia fala muito e faz pouco. Mas isso não nos deve tranquilizar. Suponho que não se desencadeará um conflito armado, por a Grécia não estar pronta para tal, não o podendo permitir. Além disso, um pequeno conflito com a Grécia pode levar a uma situação de crise, ao colapso da OTAN, devido ao enfrentamento entre os dois Estados-membros. Isso se tornaria um grande problema para a aliança em um momento em que esta tenta se expandir em meio às tensões entre a Ucrânia e a Rússia", acredita Stafakopoulos.

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Segundo o especialista, é mais provável que a OTAN "puxe as orelhas de ambos os países", pedindo-lhes que resolvam o conflito por conta própria.

"O que eu temo é que 'resolver as coisas entre si' significará, na realidade, que a Grécia, que tem direitos legais, se verá obrigada a ser conciliadora com o intruso, a Turquia. Com a bênção dos nossos 'aliados' comuns da OTAN, faremos do agressor um parceiro igual. Para mim, isso seria uma derrota como a que já sofremos na questão da Macedónia do Norte. Nós transferimos o nosso nome nacional para este país, sem quaisquer ameaças da sua parte. A Turquia viu neste passo a fraqueza da Grécia, enquanto a Grécia se mostrou como uma filha obediente dos aliados, que faz tudo o que os EUA e a Alemanha lhe dizem. Uma vez que a Grécia cedeu a um pequeno país, do tamanho do Peloponeso, será que não cederá a uma grande Turquia? É o que precisamente o presidente Erdogan pensa", salienta o especialista.

Segundo Stafakopoulos, o conflito na Ucrânia demonstrou ao líder turco a fraqueza do Ocidente no campo da autonomia alimentar e energética, além de expor o declínio demográfico na Europa. Ao mesmo tempo, conforme o analista, a Turquia está se virando lentamente para a Eurásia, considerando-a o seu "território natural".
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Nesse contexto, o país possui um grande potencial alimentar, energético e está registrando um crescimento demográfico. Erdogan acredita que a Turquia vai seguir se desenvolvendo, sobrevivendo à situação atual, ao contrário do mundo ocidental, incluídos os gregos, que desaparecerão em 30-40 anos por razões práticas, devido à falta de alimentos, energia e crise demográfica.
"Portanto, Erdogan não tem motivos para travar uma guerra armada contra a Grécia. Ele acredita que nós vamos cair como frutos maduros, como um dia caiu o Império Bizantino depois de 400 anos de cerco", concluiu o especialista.
Nas últimas semanas, a retórica nas relações greco-turcas se tornou mais dura. Assim, o presidente turco Erdogan afirmou em 3 de setembro que a Grécia ameaça a Turquia com os sistemas de defesa aérea S-300 e pagaria "um preço alto" caso continuasse a usá-los contra Ancara. Segundo o ministro da Defesa turco Hulusi Akar, a Grécia ignora o direito internacional e as relações de boa vizinhança.
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