Panorama internacional

'É uma oportunidade para o Brasil': empresários brasileiros mantêm planos de investimentos na Rússia

Grupo de empresários brasileiros cristãos revela à Sputnik Brasil que mantém sua agenda de trabalho para investir no Extremo Oriente russo. Saiba quais os setores mais promissores para esse grupo de brasileiros que quer atracar seus negócios no porto de Vladivostok.
Sputnik
Nesta quarta-feira (7), empresários debateram a atração de investimentos para o Extremo Oriente russo sob as novas condições geopolíticas, durante o Fórum Econômico do Oriente, realizado em Vladivostok.
"Quem esteve aqui no Extremo Oriente russo há dez anos e voltou agora pode perceber que os projetos de atração de investimento para a região deram resultados", disse o editor-chefe adjunto de economia do jornal Kommersant, Dmitry Butrin.
Segundo ele, o sucesso se deve principalmente aos regimes preferenciais de investimentos que a região do Extremo Oriente oferece.
Participantes do Fórum Econômico do Oriente, em Vladivostok, Rússia, 7 de setembro
Após o início do conflito ucraniano e da imposição de sanções econômicas contra a Rússia, no entanto, outras regiões russas passaram a adotar os mesmos regimes preferenciais, o que constitui um desafio para que o Extremo Oriente siga atraindo investimentos e crescendo economicamente.
A região, no entanto, tem a grande vantagem de estar localizada na região do Pacífico, uma das mais promissoras da economia mundial, e próxima de grandes potências econômicas, como a China.
"Nós vemos como o comércio de produtos entre a China e a Rússia continua crescendo [...] e até o fim do ano, acreditamos que o volume atingirá recorde histórico", disse Zhou Liqun, diretor da União dos empresários chineses na Rússia, durante os debates.
Mas não são só os empresários chineses que mantêm suas atividades e interesses na Rússia. Empresários brasileiros também vislumbram a situação geopolítica atual como uma oportunidade de investimentos.
"Num primeiro momento, pensamos que ia dificultar, uma vez que haviam diversas empresas ocidentais saindo da Rússia e incerteza em relação ao sistema de pagamentos", disse o empresário Ednilson Ferraz à Sputnik Brasil.
Segundo ele, atualmente a "situação ficou mais clara" e os empresários já retomaram a confiança, graças também às boas relações entre o Brasil e a Rússia.
"Agora vemos claramente que a situação é uma oportunidade para o Brasil", disse Ferraz. "Estamos vendo bons caminhos, inclusive com oportunidades animadoras."
Ednilson Ferraz faz parte de um grupo de empreendedores cristãos chamado BAM (Business As Mission, livremente traduzido como "negócios como missão"), que acredita na união de valores espirituais à atividade empresarial.
Pavilhão do Fórum Econômico do Oriente, Vladivostok, Rússia, 7 de setembro
"Os negócios não são isolados da nossa crença. Pelo contrário, são ferramentas para que possamos exercitá-la", disse o empresário e "Bamer".
O grupo de empresários integrado por Ferraz reúne empreendedores brasileiros, sul-coreanos e japoneses, com foco em investimentos na região asiática.
"Como nosso grupo tem um pé no Brasil e um pé na Ásia, a nossa missão é estabelecer negócios na Ásia", disse Ferraz. "Esse é o motivo para irmos à Rússia, com o objetivo de fazer negócios especialmente na Sibéria, a partir de Vladivostok."
Segundo ele, Vladivostok se destaca "pela posição estratégica da cidade", cujo porto permite acesso "aos países com os quais temos o objetivo de trabalhar".
Os setores regionais considerados mais promissores pelos empresários brasileiros são hotelaria e alimentação, tanto no tocante ao estabelecimento de restaurantes, como para exportação da farta produção brasileira.
Ferraz esteve em Vladivostok em viagem de negócios no início deste ano, e confessou ter ficado surpreendido "com o calor e receptividade dos russos".
"Eu gostei muito de Vladivostok, e confesso que é muito diferente da impressão que a gente tem da Rússia, de ser um país gelado por dentro e por fora", revelou Ferraz. "E percebi que é um povo que trabalha, que empreende e vai à luta."
Participantes do Fórum Econômico do Oriente passeiam a beira mar, Vladivostok, Rússia, 7 de setembro
O comércio de bens entre Brasil e Rússia já apresentou crescimento desde o início do conflito ucraniano, contrariando as expectativas de muitos especialistas. Agora nos resta aguardar para confirmar se os investimentos bilaterais também apresentarão cifras promissoras em 2022.
Nesta quarta-feira (7), empresários e especialistas se reuniram no debate "Negócios Fortes, Rússia Forte", no âmbito do Fórum Econômico do Oriente, celebrado em Vladivostok, entre os dias 5 e 8 de setembro.
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