Panorama internacional

Relações entre EUA e Israel ficam tensas com possível retomada do acordo nuclear com Irã, diz mídia

A possibilidade cada vez mais concreta de Estados Unidos e Irã retomarem o acordo nuclear de 2015 tem balançado as relações de Washington com Israel. Tel Aviv pressiona os norte-americanos contra novas concessões a Teerã.
Sputnik
Segundo o portal Axios, os EUA têm se empenhado em tranquilizar Israel de que não pretendem fazer novas concessões ao governo do Irã para a retomada do acordo nuclear. Com o objetivo de acelerar o retorno conjunto dos dois países ao mecanismo, Teerã chegou a abrir mão de exigências que eram consideradas "linhas vermelhas", como a exclusão da Corpo de Guardiões da Revolução Islâmica (IRGC, na sigla em inglês) da lista de Organizações Terroristas Estrangeiras do Departamento de Estado norte-americano — uma dos pontos que preocupam Israel.

"Um acordo pode estar mais próximo do que estava há duas semanas, mas o resultado permanece incerto, já que algumas lacunas permanecem. De qualquer forma, não parece iminente", disse uma autoridade dos EUA ao Axios.

De acordo com autoridades israelenses citadas pelo Axios, houve um diálogo "intenso" a portas fechadas entre Tel Aviv e Washington nos últimos dias, com a discussão se tornando "mais difícil".
O senador republicano Jim Risch, membro do Comitê de Relações Exteriores do Senado, chegou a sugerir que os EUA estavam considerando fornecer ao Irã garantias que incluíam encerrar a investigação da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), proteger empresas ocidentais e permitir que o Irã acelere seu programa nuclear. Isso foi negado pelo governo Joe Biden.
O ex-conselheiro de Segurança Nacional John Bolton alertou que o presidente Joe Biden pode cometer um grave erro se seu governo se oferecer uma concessão ao Irã que garanta que um futuro presidente dos EUA seja impedido de sair de um acordo renovado.
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O Plano Abrangente de Ação Conjunta

Em 2015, o Irã assinou o acordo nuclear formalmente conhecido como Plano Abrangente de Ação Conjunta (JCPOA) com Estados Unidos, China, França, Rússia, Alemanha, Reino Unido e União Europeia. O pacto exigia que o Irã reduzisse seu programa nuclear e reduzisse suas reservas de urânio em troca de alívio das sanções, incluindo o levantamento do embargo de armas cinco anos após a adoção do acordo.
Em 2018, os Estados Unidos se retiraram unilateralmente do JCPOA e impuseram sanções abrangentes ao Irã, levando Teerã a abandonar amplamente suas obrigações sob o acordo.
Em abril de 2021, as partes do acordo iniciaram negociações para restabelecer a vigência do JCPOA. Josep Borrell, chefe da diplomacia da União Europeia (UE), disse na última semana de julho que vai apresentar um texto conciliatório que considera ser o melhor possível.
"O texto representa o melhor negócio possível que eu, como facilitador das negociações, vejo como viável. Não é um acordo perfeito, mas aborda todos os elementos essenciais e inclui compromissos duramente conquistados por todas as partes. As decisões precisam ser tomadas agora para aproveitar esta oportunidade única de sucesso e liberar o grande potencial de um acordo totalmente implementado. Não vejo outra alternativa abrangente ou eficaz ao nosso alcance", declarou em artigo publicado no Financial Times.
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