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Petroleiros reagem a declaração de ministro sobre privatização da Petrobras: 'Não haverá consenso'

O ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, disse nesta quinta-feira (4) que o processo de privatização da Petrobras desejado pelo governo Jair Bolsonaro (PL) pode começar ainda neste ano caso haja consenso. Petroleiros reagiram dizendo que não existe possibilidade de conciliação.
Sputnik
Conforme noticiou o Poder360, o ministro comentou, durante evento promovido pela corretora financeira XP Investimentos, a possível apresentação de um projeto de lei (PL) para a inclusão da estatal de petróleo no plano de desestatização do governo. Ele indicou que isso depende de consensos e pode ser feito ainda neste ano.
O ministro sinalizou que a expectativa é que o processo dure pelo menos três anos.

"Nós estamos estudando [a possibilidade], mas [com] um projeto desse tamanho você tem que ter muita segurança para gerar competição. E, acima de tudo, em uma democracia se avança em consensos", afirmou Sachsida.

A declaração gerou reações entre petroleiros. Deyvid Bacelar, coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), disse à Sputnik Brasil que a categoria está pronta para entrar em uma "greve histórica" caso o projeto seja apresentado pelo governo ao Congresso.
"Saschida promove um saque generalizado às riquezas e ao patrimônio nacional, seguindo o comando de Bolsonaro e do ministro da Economia, Paulo Guedes. Desde antes do recesso parlamentar se falava na apresentação desse PL, que tem o apoio do presidente da Câmara, Arthur Lira [PP-AL]", declarou.

"Nós da FUP, em uma assembleia com representantes de todos os petroleiros do Brasil, aprovamos uma greve por tempo indeterminado caso o governo venha apresentar qualquer projeto de privatização da Petrobras. Será uma greve histórica, a maior da história do Brasil", declarou o dirigente petroleiro.

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Bacelar afirmou que não há possibilidade de um consenso nessa matéria e citou pesquisas de opinião que indicam que a rejeição à privatização é maior do que a aprovação.
"Não é apenas a categoria petroleira, a população brasileira disse que é contra. É obvio que não vai haver consenso. Quando falamos da Petrobras, estamos falando da maior empresa de energia do Brasil e da América Latina. A chance é zero, a sociedade não aprova isso. E ainda vai na contramão do mundo. Serviços estratégicos estão sendo estatizados no mundo, como na França e no Reino Unido", declarou.
"E ainda fazem isso no apagar das luzes. Esse governo está fadado ao fim", sentenciou.
Os petroleiros têm se mobilizado contra o pacote de privatizações de refinarias anunciado pela diretoria da estatal.
Fazem parte da liquidação: Refinaria Abreu e Lima (RNEST); Unidade de Industrialização do Xisto (SIX); Refinaria Landulpho Alves (RLAM); Refinaria Gabriel Passos (Regap); Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar); Refinaria Alberto Pasqualini (Refap); Refinaria Isaac Sabbá (Reman); e Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (Lubnor). A venda da RLAM, da Bahia, já foi concluída, enquanto Reman, Lubnor e SIX já tiveram contratos de compra e venda celebrados.
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