Panorama internacional

Chanceler russo Lavrov: deve-se perguntar aos EUA por que Kiev rejeita negociações

Deve-se direcionar as dúvidas sobre falta de vontade de Kiev de voltar à mesa de negociações com a Rússia aos Estados Unidos, afirmou o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov.
Sputnik
Em uma coletiva de imprensa em Uganda, o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, disse que Moscou nunca desistiu das negociações com a Ucrânia, já que todos os combates devem acabar à mesa de negociações, mas ainda falta a resposta de Kiev.
"Nunca nos recusamos a negociar, porque todos sabem bem: combates devem acabar à mesa de negociações", disse Sergei Lavrov.
O chanceler russo acrescentou que "quando na fase inicial da nossa operação militar a parte ucraniana sugeriu conduzir negociações, nós concordamos, realizando uma série de rodadas, que levaram a uma etapa muito interessante que se deu em Istambul em 29 de março. Lá, a parte ucraniana propôs a opção de acordo que nós apoiamos, notificando os nossos colegas de Kiev sobre isso. […] Mesmo assim, não há resposta alguma desde então. Mesmo que, saliento mais uma vez, nós tenhamos concordado com a abordagem dela, essencialmente", destacou.
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Segundo Lavrov, a Rússia sabe que "tais colegas nossos como os EUA, o Reino Unido e uma série de países europeus proibiram os ucranianos de chegar a acordo conosco, em uma base mencionada".
Ao mesmo tempo, o ministro russo afirmou que se deve perguntar aos Estados Unidos por que Kiev rejeita quaisquer negociações.

"Há uns dias eu disse em uma entrevista que a Rússia não tem nenhum preconceito contra as negociações com a Ucrânia. De imediato, depois de apenas umas horas, o porta-voz do Departamento de Estado afirmou que os EUA não acham que agora seja o momento oportuno para a Ucrânia conduzir negociações com a Rússia. Então, façam conclusões – perguntem aos colegas norte-americanos, qual é a razão disso", disse Lavrov durante uma coletiva de imprensa no âmbito da sua visita a Uganda.

Falando sobre a atual crise de combustíveis, que a Europa e o mundo estão atravessando, o chanceler russo salientou que o gasoduto Nord Stream 2 (Corrente do Norte 2) está completamente pronto para satisfazer as necessidades da Europa no campo energético, tendo sido fechado por razões políticas.

"Afinal, claro que se trata do Nord Stream 2, que está completamente pronto para compensar e satisfazer tudo […] e está simplesmente fechado por razões políticas", destacou.

Ministro das Relações Exteriores russo Sergei Lavrov (à esquerda) e o presidente ugandense Yoweri Museveni em reunião em Uganda, 26 de julho de 2022
Lavrov chamou atenção ao fato de o cenário sobre a Rússia que usa gás como uma arma não ser novo, enquanto a própria União Europeia tem feito todo o possível para limitar as capacidades de mais um projeto russo, o Nord Stream 1.

"Ao longo dos últimos seis ou sete anos a União Europeia tem dito que a Rússia usa gás como uma arma, não providenciando nenhum exemplo concreto e paralelamente fazendo tudo para limitar as capacidades de transportar o gás, que o Nord Stream 1 possuía", disse o ministro.

Além do gás, o chanceler russo não evitou falar sobre a situação no mercado petrolífero. Segundo Lavrov, a Rússia está disposta a vender o petróleo a qualquer país interessado.

"Vendemos o petróleo a qualquer país que está interessado nisso. Se algum país o quiser, não há obstáculo algum, seja para Índia ou China, seja para qualquer país africano."

Passando para o tema de aprofundamento das relações com os países africanos, o ministro das Relações Exteriores da Rússia disse que o papel da África na política externa russa vai aumentar de forma significativa, enquanto a direção ocidental agora "está sendo cancelada por conta própria".
"Posso justamente dizer que o papel do continente africano no conceito da nossa política externa vai ser aumentado, além disso, de forma significativa. Isso sucederia independentemente do que está sucedendo na direção ocidental. Enquanto a direção ocidental, como vocês sabem, agora está sendo cancelada por conta própria", afirmou.
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