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Papa Francisco pede perdão pelo mal cometido por cristãos contra povos indígenas

O papa Francisco realizou um encontro com povos indígenas do Canadá nesta segunda-feira (25) para reafirmar o pedido de perdão da Igreja Católica pelo genocídio indígena ocorrido no país entre os séculos XIX e XX.
Sputnik
O pontífice fez seu primeiro discurso em terras canadenses durante encontro com os povos indígenas das Primeiras Nações, Métis e Inuítes, em Maskwacis. Segundo a agência de notícias do Vaticano, o papa fez questão de ressaltar que as políticas de assimilação foram devastadoras e acabaram por marginalizar sistematicamente os povos indígenas.

"É necessário recordar como as políticas de assimilação e alforria, que incluíam o sistema das escolas residenciais, foram devastadoras para as pessoas destas terras. Quando os colonizadores europeus chegaram aqui pela primeira vez, eles se depararam com a grande oportunidade de desenvolver um encontro fecundo entre culturas, tradições e espiritualidades. Mas isso, em grande parte, não aconteceu."

Ao fim do século XIX, no Canadá, foi estabelecida uma rede de internatos de reclusão destinados a indígenas, operados em sua maioria pela Igreja Católica. Ao todo, aproximadamente 150 mil crianças pertencentes a minorias étnicas foram matriculadas nesses estabelecimentos a nível nacional.
Considera-se que ao menos 3.200 morreram nessas instituições devido a violência ou negligência, embora o número exato de vítimas seja desconhecido.
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O pontífice citou no discurso que as crianças indígenas "foram submetidas a abusos físicos e verbais, psicológicos e espirituais" nesses espaços.

"Estou aqui porque o primeiro passo desta peregrinação penitencial no meio de vós é o de vos renovar o pedido de perdão e dizer com todo o coração que o deploro [o mal] profundamente: peço perdão pelas formas com que muitos cristãos, infelizmente, apoiaram a mentalidade colonizadora das potências que oprimiram os povos indígenas", disse Francisco.

O papa destacou que o pedido de desculpas é apenas um primeiro passo e que a "arte importante deste processo é efetuar uma busca séria da verdade sobre o passado e ajudar os sobreviventes das escolas residenciais a empreender percursos de cura dos traumas sofridos". Nesse sentido, apontou para a importância da construção de políticas de memória.
"Repasso o drama sofrido por muitos de vós, pelas vossas famílias, pelas vossas comunidades; repasso o que partilhastes comigo sobre as tribulações sofridas nas escolas residenciais. Mas é justo fazer memória, porque o esquecimento leva à indiferença, e, como já foi dito, 'o contrário do amor não é o ódio, é a indiferença; o contrário da vida não é a morte, mas a indiferença em face da vida ou da morte'", disse o papa.

"Fazer memória das experiências devastadoras que aconteceram nas escolas residenciais impressiona, indigna e entristece, mas é necessário."

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