Panorama internacional

Aviso da China chega a Washington: até Pentágono se opôs à visita de Pelosi a Taiwan

Depois de a China ter tomado "medidas resolutas" em relação à visita da presidente da Câmara dos Representantes norte-americana, Nancy Pelosi, a Taiwan, o presidente norte-americano insinuou que o Pentágono se opôs à viagem dela. Segundo o Global Times, uma eventual resposta diplomática e militar da China não é algo que os EUA possam aceitar.
Sputnik
Conforme a edição chinesa, em meio ao agravamento das relações com a China e uma grande taxa de inflação nos próprios Estados Unidos, a administração Biden decidiu procurar de forma imediata a cooperação com a China a um alto nível. Ao mesmo tempo, a mídia chinesa supõe que Biden pode se aproveitar da cooperação a fim de conseguir uma posição moderada da China quanto ao conflito ucraniano ou acordos comerciais bilaterais.
Ao ter sido perguntado sobre os planos de Nancy Pelosi de visitar Taiwan em agosto, Biden respondeu que "os militares não acreditam que seja uma boa ideia por agora". Tendo em conta os últimos comentários de Biden, Wang Wenbin, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, afirmou em uma coletiva de imprensa na quinta-feira (21) que, caso Pelosi visitasse Taiwan, seria uma violação séria do princípio de Uma Só China e prejudicaria a soberania e integridade territorial da China e a base das relações entre a China e os Estados Unidos.
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"Se os Estados Unidos seguirem nesta direção, a China vai responder com medidas de retaliação. Estamos falando sério", salientou Wang.
Segundo o Global Times, os legisladores norte-americanos têm imprudentemente tentado promover a agenda de restauração das "relações oficiais" com as autoridades de Taiwan, seja por ganhos políticos pessoais, seja pela necessidade de salvar o Partido Democrático, que certamente vai enfrentar desafios nas eleições de meio de mandato, previstas para outono do Hemisfério Norte.
Yang Xiyu, professor assistente do Instituto de Estudos Internacionais da China, disse ao Global Times que o governo estadunidense deve levar em conta os seus interesses nacionais em grande escala, ao elaborar a estratégia da política externa.

"Biden pode partilhar as mesmas preocupações sobre a visita prevista de Pelosi, por o governo norte-americano ter sabido que organizar a visita não era nada além de brincar com fogo, ao agravar as tensões no estreito de Taiwan e, provavelmente, provocar uma resposta militar da China", acredita o professor chinês.

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"O fato de Biden ter afirmado que os militares não acreditam que a visita 'seja uma boa ideia' implica que ele teve que consultar o Pentágono sobre o assunto", disse ao Global Times na quinta-feira (22) Lu Xiang, especialista em estudos norte-americanos da Academia de Ciências Sociais da China.
Segundo o analista, os Estados Unidos, levando em conta o contexto internacional atual, não podem se permitir a enfrentar uma resposta chinesa. A reação de Biden, diz Lu, faz pensar que a conclusão dos militares pode ser definitiva e significar o cancelamento da viagem de Pelosi, já que como regra geral é o Departamento de Defesa dos EUA que cria uma lista de possíveis cenários em relação às decisões do Senado.
O gabinete de Pelosi, ao mesmo tempo, comunicou ao The Washington Post na quinta-feira (21) que "não confirmamos nem recusamos viagens internacionais com antecedência devido aos protocolos de segurança estabelecidos".
Presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, Nancy Pelosi (no centro), durante a Conferência de Segurança em Munique, Alemanha, 14 de fevereiro de 2020
Além disso, os funcionários da administração de Joe Biden, presidente dos EUA, temem que a China imponha uma zona de exclusão aérea sobre Taiwan no caso de visita da presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, escreveu na sexta-feira (22) a emissora CNN citando fontes familiarizadas com o assunto. Entre outras medidas supostamente planejadas, Pequim poderia responder enviando aviões de caça para a "autodeclarada" zona de identificação de defesa aérea (ADIZ, na sigla em inglês) de Taiwan.
A ação da China não violaria nenhuma lei internacional, mas poderia desencadear uma reação de Taipé e Washington, acrescentou uma fonte, sem detalhar que tipo de resposta seria.
Nas vésperas, de acordo com a agência de notícias Bloomberg, o diplomata aposentado Henry Kissinger, que atualmente tem 99 anos e que desempenhou um papel importante na diplomacia norte-americana entre 1968 e 1976, ao admitir que a China não deve estabelecer a sua hegemonia global, disse que seria melhor o atual presidente norte-americano, Joe Biden, não deixar a política interna interferir "na importância de entender o caráter permanente da China".
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"Claro que é importante prevenir a hegemonia da China ou de qualquer outro país. Mas isso não é algo que possa ser conseguido através de confrontos sem fim", salientou Kissinger em uma entrevista, preparada por Intelligence Squared US e How to Academy.
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