Durante a entrevista, que foi concedida durante a Cúpula do Mercosul, Arslanian defendeu a retomada das negociações com a UEE. As partes têm um memorando de entendimento desde 2018, e, para ele, esse documento é a "base para a reaproximação".
"Poderia ser promovido um acordo com a Rússia, mais especificamente com a União Eurasiática. Essa é a direção do Mercosul e do Brasil, buscar cada vez mais acordos", disse o embaixador.
"Tivemos uma reunião em dezembro passado e estamos planejando um novo encontro para que cada grupo se conheça e forme uma base para uma futura negociação de um acordo de livre-comércio", afirmou.
A UEE foi criada em 2015 e tem como membros Armênia, Belarus, Cazaquistão, Quirguistão e Rússia.
Arslanian exaltou ainda a relação entre Brasil e Rússia, que ele considera muito dinâmica.
"Há um intercâmbio de visitas. O presidente Jair Bolsonaro esteve lá em fevereiro, hoje estão sendo realizadas consultas políticas entre os dois países. É uma relação muito dinâmica", declarou.
O diplomata destacou que essa boa relação tem garantido ao Brasil acesso a fertilizantes.
"Neste contexto de dificuldades, valorizamos a continuidade do acesso que estamos tendo aos fertilizantes, e isso nos ajuda a [...], não só internamente, [...] garantir a alimentação da população, mas também o Brasil como produtor de alimentos ajuda a mitigar os efeitos das interrupções na cadeia de suprimentos", apontou.
O embaixador brasileiro também minimizou os atritos internos do Mercosul e disse que o futuro do bloco não está em risco.
"O Mercosul é um bem comum para as sociedades, é um processo que envolve toda a burocracia, políticas públicas, e tem materialidade. O futuro do Mercosul não corre perigo, porque o bloco traz benefícios concretos além das declarações políticas", disse.