Panorama internacional

Suíça sobre pedido da OTAN para tratar ucranianos: quase impossível distinguir civis de soldados

Berna se recusou a tratar civis ucranianos, argumentando que eles são "indistinguíveis" dos soldados, informou a mídia local.
Sputnik
O governo federal suíço recusou um pedido para tratar ucranianos feridos, argumentando que a medida violaria o status neutro da nação alpina, apurou o jornal Tages Anzeiger do país. O pedido foi feito por um departamento da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).
O Centro Euro-Atlântico de Coordenação de Resposta a Desastres – uma estrutura da OTAN que atualmente coordena evacuações médicas internacionais e tratamento de ucranianos feridos durante o conflito na Ucrânia – teria contactado o Serviço Médico Coordenado do Exército Suíço (KSD) em maio. O bloco militar buscou ajuda de médicos suíços para cuidar não apenas de soldados ucranianos, mas também de civis que precisavam de tratamento hospitalar, informou a mídia nesta segunda-feira (18).
A associação nacional de prestadores de serviços de saúde da Suíça disse que estava "fundamentalmente aberta" à ideia de admitir ucranianos feridos em instalações de saúde suíças. A Secretaria Federal de Saúde também sinalizou sua aprovação. Em meados de junho, a ideia, no entanto, foi recusada pelo Departamento de Relações Exteriores, que disse que tal admissão seria impossível por "razões legais e práticas", relata o Tages Anzeiger.
Sob as Convenções de Genebra ratificadas por Berna, um Estado neutro pode tratar soldados que participam de um conflito entre terceiros países, mas deve garantir que eles "não possam mais participar dos atos de guerra", informou a mídia suíça. Caso contrário, tal nação perderia seu status de neutralidade.
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De acordo com o jornal suíço Blick, Berna pode ir tão longe a ponto de prender qualquer soldado ucraniano que tenha tratado. Outra opção seria pedir a Moscou que permita que os soldados recuperados retornem à Ucrânia, acrescentou o jornal.
O tratamento de civis acabou sendo igualmente problemático para as autoridades suíças nas circunstâncias existentes, de acordo com a mídia do país. O diretor da Diretoria Consular do Departamento de Relações Exteriores, Johannes Matyassy, disse aos jornalistas que "é quase impossível distinguir entre civis e soldados" quando se trata da Ucrânia moderna, já que "muitos civis na Ucrânia pegaram em armas".
De acordo com o Departamento de Relações Exteriores da Suíça, Berna "não apenas disse não", mas se ofereceu para fornecer alguma ajuda "no terreno". A Suíça planeja enviar ajuda humanitária para apoiar hospitais civis na Ucrânia, informou a mídia suíça, acrescentando que a escala exata dessa ajuda ainda está sendo discutida.
Apesar da neutralidade, a Suíça ainda aderiu a algumas das sanções ocidentais contra a Rússia por sua operação militar especial na Ucrânia. Berna, no entanto, repetidamente impediu que outras nações ocidentais enviassem armas e munições fabricadas na Suíça para Kiev. Em abril, a Suíça bloqueou a entrega de munição usada pelos veículos de combate de infantaria Marder da Alemanha para a Ucrânia, segundo a mídia local.
No início de junho, o país também recusou um pedido dinamarquês para reexportar veículos blindados fabricados na Suíça para Kiev. Berna também disse que nações como a Alemanha ou a Itália poderiam enviar armas com componentes suíços para a Ucrânia, mas apenas se a proporção de elementos suíços neles estiver abaixo de 50%.
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