Conforme publicado pela agência Bloomberg, as importações chinesas das commodities correspondem por mais de 78% do total: US$ 18,9 bilhões (R$ 102,2 bilhões). A Índia, por sua vez, comprou US$ 5,1 bilhões (R$ 27,6 bilhões) em energia russa, quintuplicando as compras feitas há um ano.
Números do Centro para Pesquisa em Energia e Ar Limpo (CREA, na sigla em inglês), com sede na Finlândia, indicam que a China ultrapassou a Alemanha em importações no segmento nos primeiros 100 dias após a escalada da crise na Ucrânia em fevereiro. O mercado europeu somado ainda mantém a maioria dos dez principais importadores do período.
Apenas nos primeiros três meses após o início do conflito na Ucrânia, China e Índia gastaram US$ 24 bilhões [R$ 129,8 bilhões] em energia russa, US$ 13 bilhões [R$ 70,3 bilhões] a mais que no mesmo período de 2021. A China foi o maior importador de energia russa nos primeiros 100 dias após a crise, de acordo com o CREA, e a ascensão da Índia este ano foi dramática. Ainda assim, a Europa como bloco compôs a maior parte das vendas de energia da Rússia.
A mudança do quadro ocorre em meio a sanções econômicas impostas pelo Ocidente à Rússia e a políticas de Moscou para contornar as restrições.
Com descontos russos nos produtos para Pequim e Nova Deli, combinados à possibilidade de pagamentos em rublo e em yuan — e um esquema similar de rublo-rupia atualmente sendo finalizado —, o novo acordo comercial permitiu uma relação benéfica para todos os lados.
Desde o início da operação militar especial russa na Ucrânia, no dia 24 de fevereiro, os EUA e seus aliados iniciaram a aplicação de sanções contra Moscou. Entre as medidas estão restrições econômicas às reservas internacionais russas e a suas exportações de petróleo, gás, aço e ferro.
A escalada de sanções transformou a Rússia, de forma disparada, na nação mais sancionada do mundo, segundo a plataforma Castellum.ai, serviço de rastreamento de restrições econômicas no mundo.
No total, estão em vigor 11.161 medidas restritivas contra a Rússia, segundo os cálculos do site. A quantidade é mais que o triplo das 3.637 sanções impostas pelo Ocidente ao Irã. Na sequência, aparecem a Síria (2.614), a Coreia do Norte (2.111), Belarus (1.133), a Venezuela (651) e Mianmar (567).