Panorama internacional

Novo plano da União Europeia não vai salvar zona do euro de colapso, diz mídia

Banco Central Europeu apresentou esta semana uma nova ferramenta para ajudar os Estados do sul com dívidas crescentes, mas os analistas duvidam que tenha sucesso.
Sputnik
O novo plano de reinvestimento de títulos apresentado pelo Banco Central Europeu (BCE) no início desta semana, para ajudar os Estados endividados da União Europeia (UE), provavelmente não deve funcionar, informaram a Reuters e a Bloomberg, citando analistas.
O BCE apresentou o plano para ajudar as nações do sul da UE, as mais endividadas do bloco, com obrigações crescentes. O regulador disse que direcionaria dinheiro para nações mais endividadas da dívida que vence no esquema de apoio à pandemia de COVID-19 de € 1,7 trilhão (cerca de R$ 9,2 trilhões). Isto significa que, enquanto antes do anúncio o processo de compra de títulos do BCE pelos Estados acontecia de acordo com o investimento de cada país, agora seria dada preferência a países com dívida elevada, como a Itália, com uma dívida bruta de cerca de 150% do Produto Interno Bruto (PIB).
No entanto, especialistas dizem que é improvável que a medida resolva a crise da dívida. Olli Rehn, chefe do Banco Central da Finlândia, disse à Reuters que a medida apenas vai ajudar a evitar movimentos "injustificados" do mercado e não vai ajudar os países em caso de problemas de dívida realmente grandes.
O membro alemão do Parlamento Europeu Markus Ferber observou que o BCE pode estar estendendo demais sua área de especialização.
"O trabalho do BCE é garantir a estabilidade de preços, não garantir condições de financiamento favoráveis [...] Alguns países agora simplesmente recebem a conta de anos de políticas fiscais irresponsáveis", disse ele à agência de notícias.
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De acordo com o analista financeiro Richard Cookson, embora o principal objetivo de um banco central seja manter a inflação baixa, o regulador europeu parece ter um objetivo diferente – impedir que os membros mais fracos da UE "saiam da união monetária".
"O BCE agora se colocou em uma posição impossível [...] Nos últimos 10 anos, em vez de metas de inflação, a política monetária foi definida com o objetivo de impedir que seus membros mais fracos saíssem da união monetária. Sem rodeios, não é mais um Banco Central com metas de inflação", escreveu Cookson em um artigo na Bloomberg.
Com inflação crescente na maioria dos estados da UE como exemplo das políticas fracassadas do BCE, ele disse que mesmo o recém-anunciado aumento da taxa de juros de 0,25%, seu primeiro movimento deste tipo em 11 anos, dificilmente mudaria a situação.
"O BCE poderia disfarçar suas verdadeiras intenções quando a inflação estava baixa, mas quando a inflação está alta e subindo, disfarçar seus verdadeiros objetivos se torna impossível [...] o BCE não pode visar a inflação e manter baixos os spreads dos mutuários periféricos mais fracos, como a Itália", disse, acrescentando que, embora possa ser arriscado ter como meta a inflação com aumentos de taxas, "tentar subsidiar os tomadores mais fracos é uma política ainda pior".
"O BCE não devia ter nada a ver com isso [...] Em última análise, não deve caber ao BCE decidir quem está e quem não está no euro", afirmou, sublinhando que este ano "provavelmente será um vai ou racha neste ano para o euro".
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