Panorama internacional

Na Cúpula, presidente da Argentina faz duras críticas a Joe Biden e à política externa dos EUA

Em um dos discursos mais comentados do encontro em Los Angeles, Alberto Fernández não poupou o presidente Joe Biden e a política externa dos EUA de críticas.
Sputnik
Presidente argentino, Alberto Fernández fez um dos discursos mais duros da Cúpula das Américas, na noite de ontem (9). Ele defendeu Cuba, Venezuela e Nicarágua, proibidos pelos Estados Unidos de participar do evento, e disse a Joe Biden que "o país anfitrião não tem direito de rejeitar países".
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Na fala, Fernández pediu a demissão do secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos), Luis Almagro, a troca do presidente do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e o fim dos bloqueios econômicos contra países latinos.
Sobre o conflito na Ucrânia, ele sugeriu que Joe Biden busque uma negociação pela paz, sem pretender "humilhações nem desejos de dominação", em referência à Rússia. Também traçou semelhanças entre a situação e a política externa dos Estados Unidos para a América Latina.
A agência Télam descreveu o discurso como um "bombardeio de críticas". Fernández iniciou sua participação dizendo para o presidente dos EUA que "o silêncio dos ausentes nos interpela".

"Para que isso não se repita, gostaria de deixar registrado para o futuro que o fato de ser o país anfitrião da reunião não lhe concede a capacidade de impor um direito de admissão aos países-membros do continente", afirmou.

Ele enfatizou que "o diálogo na diversidade é o melhor instrumento para promover a democracia, a modernização e a luta contra a desigualdade".
Falando diretamente a Biden, o presidente argentino também criticou o atual distanciamento de Cuba por parte dos Estados Unidos, em contradição ao que foi o governo Obama. "Foram desmanteladas as ações de aproximação com Cuba obtidas pela administração de Barack Obama enquanto o senhor era vice-presidente", recordou.

"Cuba suporta um bloqueio de mais de seis décadas imposto nos anos da Guerra Fria, e a Venezuela tolera outro [bloqueio] enquanto uma pandemia assola a humanidade e arrasta consigo milhões de vidas", reclamou.

Para se diferenciar da postura de Joe Biden, o presidente argentino estendeu um provocador convite ao norte-americano: participar da reunião de cúpula da CELAC (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos), em dezembro, em Buenos Aires, na qual estarão os presidentes de Cuba, Venezuela e Nicarágua.
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A estratégia foi coordenada com os presidentes do México, Andrés Manuel López Obrador, e da Venezuela, Nicolás Maduro.
Ao pedir a demissão de Luis Almagro, Alberto Fernández também acusou os Estados Unidos de apropriarem-se do BID, cuja presidência sempre foi ocupada pelos países latino-americanos.
"A OEA foi usada como um militar que facilitou um golpe de Estado na Bolívia. A condução do Banco Interamericano de Desenvolvimento, que historicamente ficou em mãos latino-americanas, foi apropriada. A OEA, se quiser ser respeitada e voltar a ser a plataforma política regional para a qual foi criada, deve ser reestruturada", comentou.
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